O advogado Leonardo Diniz, que representa Luiz Henrique Romão - o Macarrão - no processo sobre a morte de Eliza Samudio, disse que assumir a autoria do assassinato não faz parte da linha defesa que será levada ao tribunal do júri, em data ainda não definida. Segundo ele, o cliente não vai assumir a culpa pelo desaparecimento da ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, caso que é tratado como homicídio pela Polícia Civil. Para o advogado, a estratégia de defesa vai além da simples negação de autoria. "Não há evidências no processo para comprovar a existência do crime", afirmou.
A declaração foi dada dias após uma carta, que a defesa de Bruno diz ter sido escrita pelo atleta a Macarrão, ser revelada pela revista "Veja". Na mensagem, o goleiro pede ao amigo para usar o "plano B", que, segundo a reportagem, seria assumir a culpa sozinho pela morte. O plano A seria, segundo a revista, negar o crime.
Em entrevista dada ao G1 em abril, o advogado afirmou que Macarrão vai usar no dia do julgamento “o direito constitucional de se defender plenamente das acusações que lhe são imputadas”. O réu, assim como Bruno, responde por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
De acordo com a polícia, a modelo foi morta em junho de 2010. Ela foi vista pela última vez no sítio do goleiro Bruno, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo nunca foi localizado.
Carta
Os defensores Rui Pimenta e Francisco Simim visitaram o jogador nesta segunda-feira (9) na Penitenciária Nelson Hungria, quando o jogador confirmou a autoria e explicou o teor da mensagem.
"O que o Bruno quis ressaltar é que assumir o 'plano B' era uma obrigação do Macarrão, porque o Macarrão havia traído Bruno quando sumiu com a Eliza", justificou Pimenta. Segundo o advogado, Eliza foi morta sem o consentimento do jogador. Pimenta alega que a carta foi redigida em novembro do ano passado e veio a público com o final apagado, dando margem a distorções. Ele afirmou ao G1 que, no trecho final Bruno disse ter escrito: "Macarrão, você tem realmente que assumir este crime porque eu não posso pagar por sua traição. Eu não mandei você sumir com a Eliza", relatou.
Rui Pimenta disse também nesta segunda-feira que a carta representa o término de uma relação de amizade - e não de uma relação de amor, como havia afirmado anteriormente. "A carta poderia ser o término de um relacionamento sexual, eu pensava isso. Mas ficou claro que a carta era dentro do âmbito da amizade depois de conversar com o Bruno", afirmou Pimenta, que, em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", havia dito que a carta tratou sobre um relacionamento homossexual entre Bruno e Macarrão e que ambos tiveram um "claro caso de amor".
As declarações de Pimenta sobre homossexualidade envolvendo Macarrão foram rebatidas pelo advogado Diniz . "É um devaneio, é um absurdo infundado. É uma história funesta. Não tem respaldo nenhum. O Luiz Henrique tinha uma relação profissional com o Bruno", disse. O advogado não se pronunciou sobre a reportagem publicada pela revista.
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que a carta escrita pelo goleiro não consta nos registros de correspondências enviadas e recebidas por detentos da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Seds, o atleta disse, em depoimento na unidade prisional nesta segunda, que pediu para outro preso entregar a mensagem ao amigo. A Seds informou ainda que a penitenciária dará continuidade ao procedimento de apuração para checar como a carta saiu da unidade prisional. As informações levantadas serão remetidas à Justiça.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus vão a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. Em fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do Sul.
O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão – conhecido como Macarrão –, e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Sérgio responde ao processo em liberdade. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Dayanne, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.
Fonte: G1/Cidade News Itaú
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