O Vaticano anunciou neste sábado (19) que levará à Justiça os autores do vazamento de documentos reservados e cartas confidenciais enviadas ao papa Bento XVI e a outras autoridades da Santa Sé. O jornalista Gianluigi Nuzzi lançou hoje, na Itália, o livro "Sua Santità" (“Vossa Santidade”), com novos textos que revelam tramas e intrigas no Vaticano.
Observadores consideram esse o maior vazamento de relatórios reservados do papa.
Em nota, o Vaticano afirma que a ação viola direitos pessoais de privacidade e liberdade de correspondência. "A nova publicação de documentos privados do Santo Padre e da Santa Sé não é somente difamatória, mas assume claramente o caráter de um ato criminoso", diz o escritório de imprensa vaticana.
O comunicado indica ainda que o Vaticano continuará investigando "sobre esses atos de violação da privacidade" do pontífice. "A Santa Sé dará os passos oportunos para que os autores do roubo, da chantagem e da divulgação de notícias secretas, assim como do uso comercial de documentos privados, ilegitimamente obtidos, respondam seus atos na Justiça.” O Vaticano não descarta, "se necessário", pedir a colaboração internacional para investigar o incidente.
O livro "Sua Santità" compila uma centena de documentos reservados e cartas confidenciais ao papa e a seu secretário sobre temas como a cessação da violência anunciada pelo ETA, organização que luta pela independência basca da Espanha, em outubro de 2011. Os textos também tratam da cobertura que se deu no Vaticano ao fundador dos Legionários de Cristo, o falecido sacerdote mexicano Marcial Maciel, afastado de suas funções por Bento XVI devido à acusação de envolvimento com pedofilia.
Outros documentos se referem a "notas reservadas" sobre o presidente italiano, Giorgio Napolitano, prévias a um encontro que o líder manteve com o papa, e relatórios confidenciais relativos à defesa do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi no caso Ruby, sobre suposta prostituição de menores.
O livro chega a revelar inclusive o número de conta aberta por Bento XVI no IOR, o banco vaticano, no dia 10 de outubro de 2007.
Os documentos, mais de uma centena, chegaram ao autor do livro por "informantes" do Vaticano que prestam serviços à Cúria e todos os papéis são autênticos.
A esses novos documentos se somam os publicados recentemente pela imprensa italiana, entre eles uma carta enviada ao papa pelo atual núncio apostólico nos EUA, arcebispo Carlo Maria Vigano, que alertava sobre a "corrupção, prevaricação e má gestão" na administração vaticana.
Fonte: Umarizal News via AC - Revista Época
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