Brasília – Na semana em que se comemora o Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia (rejeição a transexuais e travestis), denúncias de agressões e maus-tratos vêm à tona, bem como o pleito pelo reconhecimento das relações afetivas entre homossexuais.
Casais de homossexuais contam que sonham em poder assumir publicamente o relacionamento, sem sofrer preconceito, e transgêneros revelam que desejam conseguir mudar o nome de batismo para o social. As queixas e apelos aumentam. Para eles, é fundamental o apoio do Estado para obter o que julgam ser seus direitos.
A data, comemorada no dia 17 de maio, foi criada por ativistas franceses, em 2005, para marcar o dia em que a homossexualidade foi retirada, há 22 anos, da lista de doenças mentais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O estudante Halisson Dias, de 23 anos, e o digitador Harry Sardinha, da mesma idade, são namorados e imaginam o dia em que poderão sair às ruas sem receber o que chamam de olhares críticos. “Aqui em Brasília, ficamos mais próximos dos formadores de opinião do nosso país. Precisamos que o PLC [Projeto de Lei Complementar] 122 [que criminaliza a homofobia] seja aprovado, é muito importante para nós”, reivindica Hallisson.
Harry acrescentou que sua orientação sexual já causou pelo menos duas agressões físicas: uma quando estava na praia e outra em uma boate. “Eu já apanhei duas vezes em locais públicos por ser gay, além disso, as agressões verbais são diárias. Queremos a liberdade de afeto e de expressão, queremos andar juntos sem sofrer preconceito”.
Para o travesti Rebecka Glitter, de 27 anos, além do combate ao preconceito, o governo federal deve apoiar a campanha das entidades que defendem os direitos de homossexuais que querem trocar o nome de batismo pelo social. “Nas escolas, sofremos muito preconceito. Nos privamos de frequentar lugares públicos para evitar constrangimentos. Eu fui muito forte por, mesmo sofrendo preconceito, ter concluído o ensino médio, conquista que infelizmente nem todos conseguem. E, devido a falta de acesso à educação, muitos travestis se prostituem”, desabafou Rebecka.
Segundo Rebecka, os travestis e os transexuais são os que mais sofrem preconceito, inclusive nas entidades ligadas à defesa dos homossexuais. “Nossa sociedade é muito preconceituosa. Nos ônibus, por exemplo, há pessoas que evitam sentar do nosso lado. Nas lojas, os vendedores, muitas vezes, nos tratam mal. Também sofremos com olhares de discriminação em todos os lugares”, ressaltou.
O travesti Hádila Padrão, de 19 anos, concorda com Rebecka e, como ele, sonha com o dia em que poderá assumir o nome social como sendo seu e fugir de todos os preconceitos que a cercam. “Para evitar constrangimentos, recorri a uma ação judicial para garantir que, na escola, me tratem como Hádila e não pelo nome de batismo”, disse.
Fonte: Agência Brasil
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