Nem mesmo o Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) tem controle sobre o avanço delas nas cidades potiguares. Nas lojas, as vendas refletem o aumento na quantidade das motonetas (ciclomotores de até 50 cilindradas) circulando pelas ruas do Estado. Num conflito de leis sobre as exigências para os proprietários das motos trafegarem legalmente, as "cinquentinhas" continuam desafiando os órgãos de trânsito e aumentando o risco de acidentes nas cidades. Em Mossoró, a Prefeitura promete pôr em prática em 90 dias a lei municipal que regulamenta a situação e torna mais dura a lei para os proprietários.
Quem garante é o gerente municipal de Trânsito, Jimmy Balderrama. Ele afirma que vários condutores aproveitam o fato de a moto não possuir placa, para ultrapassarem semáforos vermelhos, além de não respeitarem as regras da legislação de trânsito. "É apenas o cumprimento da lei em relação às motonetas. Será preciso emplacar e licenciar esses veículos. Os motoristas avançam sinal vermelho, e aí? Não acontece nada porque não tem como anotar a placa. Estamos trabalhando para em três meses enquadrarmos na parte da legislação, depois vamos botar na prática", explicou Balderrama.
Pela legislação atual, os proprietários de ciclomotores com até 50 cilindradas têm de ter a Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC) ou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para poder conduzir o veículo. Em Mossoró, a ACC não está sendo emitida na 12a. Circunscrição de Trânsito (CIRETRAN). Apesar disso, Balderrama explicou que o número de motoristas que buscam a ACC é baixo. "Quase ninguém tira a ACC. São os mesmos procedimentos para retirar a CNH. A diferença de dinheiro é pouca, então os motoristas preferem optar pela CNH", disse.
Muitos proprietários criticam a necessidade de licenciamento e habilitação para quem tem uma motoneta. Eles alegam que a opção por elas acontece exatamente pelo preço mais baixo (em média R$ 3 mil), em comparação com outros modelos, e pela não exigência de licenciamento. O gerente de Trânsito de Mossoró minimizou os gastos que os proprietários das motonetas terão com os serviços de emplacamento e licenciamento. "É ruim para quem tem poucas condições econômicas, mas vai ser melhor para manter a segurança do trânsito", finalizou.
Donos ‘envenenam’ motos em oficinas
Quem compra uma motoneta sabe que a sua capacidade máxima é 50 cilindradas. Mas, nas oficinas mecânicas de Mossoró, isso é passado. Cada vez mais proprietários desses veículos têm procurado mecânicos para "envenenar" o ciclomotor. Uma alteração de peças aumenta para 100km/h a velocidade máxima dos veículos, geralmente com uma média de 70km/h.
A mudança altera as características originais da moto, contrariando a legislação de trânsito. Além disso, o aumento da potência faz crescer as chances de acidentes.
De acordo com o mecânico Carlos Ênio, de 46 anos, a prática se tornou comum nas oficinas. "Geralmente, recebo muitos pedidos para fazer isso. Acham a velocidade pouca, aí usam essa tática. A mão de obra toda custa R$ 270,00", comentou.
Mas, em muitos casos, a máquina não suporta o esforço exigido com a alteração. "Muitos se arrependem porque o motor estoura. Alguns usam para levantar pneu, aí não aguenta, mas se andassem direito não aconteceria isso", explicou o mecânico. Outra estratégia dos proprietários é trocar a coroa da motoneta por uma menor, o que aumenta mais a velocidade.
Motonetas na preferência dos bandidos
Sem placa, a identificação e localização do veículo fica mais complicada, principalmente em casos de crimes como assaltos. Exatamente por isso, as "cinquentinhas" passaram a ser as preferidas dos bandidos para a prática de assaltos na cidade. Na última semana, pelo menos 12 veículos desse tipo foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) nessa situação. No pátio do distrito da PRE, a quantidade de motonetas apreendidas aumenta a cada semana.
De acordo com Maximiliano Bezerra, capitão do 2° DPRE, nas blitze feitas pelos policiais elas estão entre os veículos mais apreendidos, por diversas irregularidades. "Acontecem muitos roubos dessas motonetas para que sejam realizados assaltos. Como não tem placa, eles (bandidos) se aproveitam", disse.
Sem a emissão da ACC no Detran local, a fiscalização nas ruas não tem sido tão rigorosa em relação a esse tipo de veículo.
Fonte: Defato
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