domingo, maio 13, 2012

Aflição de mulheres em ficar longe dos filhos no Dia das Mães por estarem na cadeia

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Data festejada no mundo inteiro, o Dia das Mães é especial para filhos e mães, independente da idade, que se confraternizam selando um amor que ultrapassa todas as barreiras e circunstâncias que a vida coloca no dia a dia das pessoas. A data é considerada de alegria para aqueles que compartilham o convívio e aconchego de um lar, ou mesmo distantes, se lembram de que a mãe é o ponto forte dos filhos.

No entanto, pode ser considerado sofrimento para muitas mães que são obrigadas a passar a data longe dos filhos, principalmente as que estão detidas em uma prisão, como é o caso de mais de 40 mulheres presas no Centro de Detenção Provisório (CDP) feminino de Mossoró.

São atualmente 59 detentas dividindo as celas da unidade e compartilhando a dor e a saudade dos familiares, principalmente dos filhos por estarem trancadas em uma cadeia e de passarem o Dia das Mães distantes deles.

Mãe de três filhos (19, 15 e 5 anos), Rosa Rosely de Moura, 41 anos, natural de São Rafael, no Vale do Açu, presa há um ano, acusada de traficar drogas, vai passar pela primeira vez o Dia das Mães distante dos seus filhos.

"É muito triste. É a pior sensação que uma mulher pode viver, não poder ver os filhos numa data significativa como o Dia das Mães. Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo, só sei que é horrível", disse Rosely.

A detenta conta que depois de sua prisão os filhos menores ficaram sob os cuidados da filha mais velha, que já lhe deu dois netos.
"Desde que fui presa na cidade de Assú e transferida para cá não vi mais meus filhos, pois eles não têm condições de me visitarem e porque também o pai enfrenta problemas com a Justiça", desabafou.

Rosely disse que quando um dia sair da cadeia vai procurar um trabalho digno para criar os filhos e recuperar o tempo perdido.
Outra detenta, identificada como Samara Cristina Freitas, 20, presa há pouco menos de seis meses, acusada de tráfico de drogas, no Alto da Conceição, em Mossoró, mãe de quatro filhos pequenos e grávida de cinco meses, é a mãe mais nova do CDP e a que tem mais filhos também.

Com a saúde debilitada, ela requer na Justiça o direito de ficar em liberdade, porém enquanto o pedido não é julgado ela se angustia e chora ao saber que pela primeira vez vai passar o Dia das Mães longe dos filhos.
"Não gosto nem de pensar como vai ser o Dia das Mães longe dos meus filhos. Eles são tudo de bom na minha vida, queria muito estar na companhia deles", disse com lágrimas nos olhos a jovem mãe.

Evaniele Vieira Soares da Silva, 20, residente no bairro Santo Antônio, há quatro meses teve de se separar dos três filhos e deixá-los sob os cuidados da mãe, depois que foi presa acusada de tráfico de drogas. Ela conta que os filhos com quatro, dois e um ano são tudo na vida dela.

"O que mais me dói é não poder ver meus filhos. Sinto muita falta deles, queria muito poder estar com eles hoje, para poder dar muito carinho e o amor que eles merecem. A vida aqui já é um inferno e distante dos filhos é muito pior ainda", disse a mulher.
"Aqui vai um conselho para as mães: cuidem bem de seus filhos e não se envolvam com coisas erradas, pois quando somos obrigadas a ficar longe deles é que sentimos de verdade a falta que os filhos fazem", concluiu. 

Mãe amarga culpa por suicídio do filho e diz que foi por desgosto dela

"Espero que um dia minhas filhas possam me perdoar por tudo de errado que já fiz na minha vida e na vida delas, por causa disso meu único filho homem, de 16 anos, se suicidou com desgosto de tudo que já me aconteceu". Com essas palavras a dona de casa Maricel Herculano dos Santos, 37, natural de Caicó, que residia no município de São Rafael, começou sua segunda entrevista ao O Mossoroense, em matéria especial do Dia das Mães.

Quando foi presa há um ano e cinco meses, acusada de tráfico de drogas, no Vale do Açu, Maricel tinha quatro filhos, três meninas e um menino, de 16 anos. Segundo ela, o filho se matou há nove meses com desgosto da sua prisão. "Ele ficou muito triste por eu ter me envolvido com tráfico de drogas e por ter sido presa, por isso pôs fim à própria vida. É uma culpa que nunca vou tirar do meu coração", desabafou.

De acordo com Maricel, as filhas nunca vieram lhe visitar na prisão. O único contato com elas foi no dia do sepultamento do filho, que conseguiu da Justiça autorização para ir em casa. Desde então nunca mais viu nenhuma delas.

Todo esse tempo trancada, a dor e o sofrimento são companheiros inseparáveis no seu dia a dia. "Tenho três filhas casadas e não quero que elas venham me visitar. Aqui não é lugar para elas, não merecem passar pela humilhação de me ver aqui, isso é uma cruz que só eu tenho que carregar", contou.

Maricel se emocionou ao falar dos filhos e dos netos e traça planos para o futuro. "Fiz muitas coisas erradas nessa vida. Quando fui presa eu era mulher de programa e viciada em drogas, o que me levou a cometer erros graves. Mas quando sair daqui pretendo refazer minha vida e procurar acertar nas minhas escolhas e ficar perto dos meus filhos e netos", concluiu.

Diretora suspendeu visitas dos filhos às mães por conta de orgias e tráfico de drogas

A diretora do Centro de Detenção Provisória (CDP) feminino de Mossoró, que funciona nas dependências da 2ª Delegacia de Polícia Civil, no bairro Nova Betânia, Marileide de Souza, disse à reportagem do O Mossoroense que teve de acabar com as visitas dos filhos, às mães presas, devido orgias e tráfico de drogas que estavam acontecendo dentro da unidade.

"Comuniquei à Justiça que iria suspender as visitas dos filhos às mães presas por ter detectado muitas irregularidades no dia em que acontecia as visitas. Para se ter uma ideia, boa parte das mães estava agenciando seus filhos acima de 15 anos para eles terem relações sexuais com as companheiras de celas no dia das visitas e na presença delas", destacou a diretora.

Marileide explicou ainda que, além das orgias, o tráfico de drogas estava bastante acentuado entre as detentas, que entrava por intermédio das visitas, por esse motivo e para evitar problema foi cancelada a visita que acontecia sempre às sextas-feiras.

"Sei que muitas presas não estavam envolvidas, porém como existe uma conduta ética entre elas, onde uma não pode entregar a outra, foi melhor cancelar a visita para evitar mais problemas", disse.

Atualmente só é permitido pela Justiça a visita semanal dos familiares, sendo que as detentas casadas ou com relação estável podem receber visitas íntimas.

Fonte: O Mossoroense

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