“Você não pode parar alguém que tem determinação”. Com este mote que pode ser encarado como um estilo de vida, um lutador norte-americano de MMA surpreendeu ao conquistar seis vitórias e criar uma carreira invicta nos ringues. Nick Newell chamou a atenção não só pelos resultados, mas por uma diferença marcante em relação aos rivais: ele não tem a mão esquerda e parte do antebraço.
O que pode ser encarado como uma deficiência é apenas uma característica normal para Newell, apelidado de Notável. O lutador de 26 anos nasceu com o problema e dele tirou forças para se dedicar ainda mais aos seus objetivos, que só crescem com sua série de triunfos. A meta é clara: chegar ao UFC - se possível vencendo o The Ultimate Fighter, reality show da organização - e se tornar campeão do mundo.
Em entrevista ao UOL Esporte, Newell esclarece que encara a vida desta forma por influência de sua família, que lhe explicou que a deficiência não poderia servir como desculpa.
“É claro que as pessoas olham para mim e alguns até fazem comentários. Mas tive a sorte de crescer em volta de ótimas pessoas. Minha mãe sempre me motivou a ser apenas um garoto, como todos os outros: ir para o quintal, fazer sujeira, praticar esportes... Nunca fui criado para ser diferente dos outros e nunca deixei falarem bobagens sobre mim”, diz o norte-americano da cidade de Milford, em Connecticut.
O preconceito existe, até hoje, mas não chega a tirar a motivação do lutador. “Muitas pessoas não querem ver o meu sucesso no MMA. Eu não entendo o motivo. Dizem: ‘ele não pode fazer isso, ou não pode fazer aquilo’... Mas estou fazendo e provando, não interessa o que se pense”, adiciona.
As primeiras tentativas de Newell no esporte foram jogando futebol e beisebol - “eu era ótimo no beisebol” -, mas ele se encontrou no wrestling, a luta olímpica, apesar de quase ter desistido no primeiro treino. No início, com 14 anos, tudo era encarado como brincadeira mas, ao perceber que podia vencer seus rivais, o garoto passou a lutar profissionalmente, entrando em campeonatos estaduais e capitaneando o time de sua universidade.
Mas a vida de Newell mudou mesmo assistindo à TV. Em uma noite, acompanhava lutas de WWE (luta livre) e, em seguida, foi surpreendido por um programa, com combates do UFC.
“Quando vi aquilo, sabia que era o que eu queria fazer. Mais do que o wrestling, foi algo natural, que veio de dentro de mim . Eu olhei e sabia que tinha de fazer aquilo”, relembra ele, que em seguida se inscreveu em uma academia. Hoje, é faixa marrom de jiu-jítsu, aprendeu o boxe e tem o wrestling como uma de suas armas. "Todos querem chegar ao máximo e também sonho ser um campeão do mundo. Espero que um dia eu chegue ao UFC, pode ser até pelo reality show. Acho que seria um nome forte naquela casa.”
Uma das armas para as conquistas do norte-americano sempre esteve dentro de si, uma confiança que é explícita, mas sem arrogância. “Sempre tive que lutar contra meu problema, então se tornou algo natural. Eu trabalho duro e apenas acredito em mim mesmo. Só tive de me adaptar e aprender a fazer as coisas da minha própria maneira”, explica ele, que não se vê como um exemplo de vida. "Eu apenas faço o que gosto. Se alguém se inspirar nisso, ótimo!".
Nos ringues de MMA
Um dos fatores que fortaleceu esta vontade de ganhar de Newell foi uma derrota. Perder no wrestling, segundo ele, fez com que “decidisse” nunca mais passar por aquilo. E é isso o que o lutador tem feito desde a estreia no MMA, em junho de 2009.
Mesmo sem parte do braço, ele tem seis vitórias, com direito a cinco finalizações e um nocaute. A coleção de movimentos é extensa. Nas finalizações, por exemplo, soma uma chave de calcanhar, duas de braço e dois mata-leões.
“Nunca vi minha deficiência como um tipo de vantagem. Mas talvez eu seja um cara mais difícil de se ler, eu ataco em ângulos que ninguém mais ataca”, analisa. “Minha habilidade é misturar tudo, consigo colocar meus rivais para baixo e tenho poder para nocautear e finalizar. Mas nunca prestei muita atenção em como trabalho a minha deficiência. Só entro no ringue e faço meu trabalho.”
Fonte: Uol Esportes
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