quarta-feira, abril 25, 2012

Internos resolvem acabar greve de fome


A greve de fome realizada por internos do presídio federal de Mossoró foi suspensa ontem, com a promessa de que a administração iria resolver os problemas com a comida. Os presos reclamam que algumas quentinhas estão chegando estragadas e não há reposição. Os presos estavam sem comer desde segunda-feira passada. A greve foi suspensa ontem à noite. Eles ainda passaram o dia sem tomar café e almoçar. A questão foi tratada pela direção da unidade sob sigilo, que não quis comentar a situação.
Os presos resolveram fazer uma greve de fo-me a partir de segunda-feira passada, recu-sando-se a tomar café da manhã, almoçar e jantar. A denúncia foi feita por familiares de um preso que procuraram o JORNAL DE FATO e pediram anonimato. Segundo os parentes, os presos vinham reclamando havia aproximadamente dois meses, pedindo providências. A direção já havia sido notificada sobre a situação, mas não tomou nenhuma providência, até a greve. Os presos reclamam que a comida está chegando estragada e que não há reposição. Quem pega a quentinha ruim fica com fome.
Segundo os familiares desse mesmo preso, a direção do presídio federal conversou ontem com os internos e prometeu que o problema seria resolvido. Diante da promessa, os presos teriam resolvido suspender a greve de fome e esperar pelas medidas administrativas. Ontem mesmo, segundo os familiares de um interno, todos voltariam a comer, a partir do jantar. O restaurante que fornece as quentinhas dos in-ternos já havia passado por uma inspeção da Vigilância Sanitária, mas nenhuma irregularidade foi detectada. As medidas que serão adotadas pela direção não foram informadas.
O DE FATO tentou contato com o diretor do presídio federal, Elton Zanata, mas foi infor-mado por um servidor que ele não iria trabalhar ontem à tarde. O mesmo servidor disse que não estava autorizado a comentar sobre a greve de fome nem ao menos explicar quais as medidas que haviam sido tomadas para resolver o problema. O agente penitenciário federal orientou apenas que a assessoria de imprensa do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), que administra o Sistema Penitenciário Federal (SPF), poderia dar informações. Questionado sobre essa medida, ele disse: "Falamos só em alguns casos".
Dos quatro presídios federais que estão em funcionamento no Brasil - falta um ser construí-do, em Brasília (DF) -, a unidade mossoroense é que a vem apresentando maior número de pro-blemas. Antes da questão da alimentação, o pre-sídio de Mossoró já havia enfrentado outras dificuldades, como problemas estruturais. Das quatro alas criadas para abrigar 208 presos, apenas duas estão em funcionamento. O presídio continua parcialmente interditado. Os dois blocos estão sendo reformados. O detalhe é que o prédio é bastante novo. Foi inaugurado em 2009 e logo apresentou problemas.

Presídio foi o único a registrar incidente ligado à segurança
Até a inauguração do presídio federal de Mossoró, realizada no fim de 2009, o Sistema Penitenciário Federal (SPF) comemorava o fato de nunca ter sido registrado nenhum tipo de incidente. Falava-se muito em ausência de rebeliões ou fugas. Nesse aspecto, o SPF continua invicto (pelo menos a imprensa não teve conhecimento, se algo tiver ocorrido).
Em setembro de 2010, o Sistema Penitenciá-rio Federal enfrentou sua maior dificuldade e foi justamente em Mossoró. Um preso que fazia a limpeza na unidade prisional conseguiu render uma agente penitenciária federal e lhe fazer re-fém, usando sua arma de fogo.
O preso utilizou uma faca de mesa que pegou solta pela cozinha do Presídio Federal de Mossoró como arma para render uma agente penitenciária federal. Depois de rendida, a agente foi obrigada a entregar sua pistola e seu colete à prova de balas. O preso utilizou a es-trutura de segurança das torres de vigilância ao seu favor.
A torre foi usada como cativeiro por aproxi-madamente oito horas. O "sequestro" acabou somente quando o preso resolveu se entregar, libertando a agente refém sequestrada.
A ação do preso foi apontada como um surto de loucura pelas autoridades que participa-ram das negociações, mas ele teria tido o cuidado de pegar uma faca de mesa na cozinha do presídio federal e a levou consigo até uma das guaritas.
A negociação foi feita durante todo o tempo com os dois dentro da torre de vigilância. *****Por sorte, o preso não adquiriu poder de fogo ainda maior. É que ele não percebeu que havia um fuzil na parte externa da guarita. Caso tivesse percebido a arma longa, o problema poderia ser mais grave.
Para intimidar todos que estavam envolvidos na negociação, o preso ainda chegou a efetuar dois disparos com a pistola da agente penitenciária, mas não atingiu ninguém.
Na época, a direção do presídio omitiu o uso da faca de mesa. À imprensa, foi informado apenas que o preso havia conseguido render a agente penitenciária federal, sem utilizar nenhum tipo de arma. O DE FATO descobriu através de uma fonte, no dia seguinte, que o preso havia usado uma faca e noticiou com exclusividade.

Fonte: Defato

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