A história da dona de casa Rita Maria Batista, de 56 anos, residente no Sítio Pindoba, distante 10 km da área urbana de Felipe Guerra, que está internada em estado grave no Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, é um retrato do caos que vivenciamos na saúde.
Rita não teve acesso a qualquer atendimento de saúde preventiva, em Felipe Guerra. Segundo a filha dela, quando sente alguma coisa ruim vai ao hospital da cidade, que geralmente não tem médico e as enfermeiras envia para o HRTM, em Mossoró”.
Foi o caso. Rita, com ‘megacolo’ (privação), chegou ao HRTM terça-feira. Ficou agonizando num ambiente chamado repouso feminino por quase 20 horas. “Minha mãe gritava de dor e olhavam pra gente e nem sinalizava. A gente pedia socorro e nada”, diz Talita Bezerra Batista.
O primeiro diagnóstico foi de um clinico geral. Já apontava um quadro muito grave, necessitando urgente de cirurgia. Foi solicitado um diagnóstico de um cirurgião. Este diagnóstico só foi feito nesta quarta-feira, apesar da urgência. Previa cirurgia imediatamente.
E, apesar de o HRTM ter três cirurgiões de plantão e um centro cirúrgico vazio, a cirurgia não foi realizada. No final da tarde, um deles chegou a dizer a família da vítima que não iria fazer porque estava quase no fim de seu plantão. Ia sair e pronto.
O caso chegou ao conhecimento da promotora de Justiça Ana Ximenes e deste repórter. Confirmada a história, a promotora Ana Ximenes chamou o delegado Antônio Caetano Bauman de Azevedo, para investigar o crime de omissão de socorro.
O cirurgião Wagner Langue, ao assumir o plantão da noite, imediatamente levou sozinho (tinha que ser 2) a paciente para o centro cirúrgico (o médico Adail Vale faltou ao trabalho). A cirurgia correu bem, mas Rita precisa de UTI para se recuperar e não tem em Mossoró.
Enfermeiros e técnicos de enfermagem disseram que este tipo de comportamento dos médicos é comum no HRTM e que foi muito boa a ida da promotora, do delegado e deste repórter ao HRTM para presenciar pessoalmente uma das razões do caos, de mortes.
Ou seja, além da falta de estrutura, de espaço, medicamentos, outros fatores deixam a população sem o tão valioso atendimento médico para viver. Este é o cenário que enfrenta um cidadão de baixa renda. “Se fosse um cidadão rico, não faltava atendimento. Mas como é carente, viram as costas”, reclama a promotora de Justiça Ana Ximenes.
Fonte: Umarizal News via Retrato do Oeste
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