A reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, teve acesso a gravações da Polícia Federal em que bicheiro Carlinhos Cachoeira --preso em Goiás no início do mês durante a Operação Monte Carlo-- cita o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por seis vezes. As conversas foram entre o bicheiro, seu sócio em negócios suspeitos Claudio de Abreu e o contador Giovani Ferreira da Silva.
Segundo a reportagem, as gravações foram feitas pela PF há um ano. Nas conversas, que duram cerca de cinco minutos, os três falam sobre dinheiro e contas do esquema ilegal de exploração de jogos de azar.
Procurado pela Globo, o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos Almeida Castro, disse que seu cliente está apreensivo por conta das gravações que têm sido divulgadas pela imprensa, mas está tranquilo quanto aos desdobramentos jurídicos que o caso possa ter.
Inquérito
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal para que sejam investigados os envolvidos com jogo ilegal no Estado de Goiás com foro privilegiado na Corte. O foro é garantido a diversas autoridades da República, inclusive a deputados e senadores.
O pedido deve atingir Demóstenes, que teria recebido cerca de 300 ligações de Carlinhos Cachoeira, além de ter ganhado um fogão e uma geladeira no valor de R$ 30 mil como presente de casamento, ter recebido um rádio para comunicação exclusiva com o bicheiro e ter pedido dinheiro para pagar um táxi aéreo. A imprensa tem noticiado que o senador se beneficiou de parte do lucro proveniente dos caça-níqueis.
Além do pedido de abertura de inquérito, Gurgel também encaminhou a solicitação feita por parlamentares para que seja dado acesso aos documentos obtidos nas investigações policiais ainda mantidos sob sigilo.
Conselho de Ética
O líder do PSOL no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), apresentou nesta quarta representação junto ao Conselho de Ética contra o senador Demóstenes Torres, motivado pelo pedido de abertura de inquérito no Supremo para apurar "possíveis condutas ilícitas de pessoas com foro privilegiado, originadas em investigação em Goiás".
O Conselho de Ética do Senado, porém, está sem presidente desde setembro de 2011. Caberá ao vice-presidente do colegiado, senador Jayme Campos (DEM-MT), convocar nova eleição.
Fonte: Portal Uol
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