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terça-feira, março 27, 2012

Polícia diz que morte de corintiano em 2011 pode ter motivado briga em SP


O delegado Jorge Carrasco, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse na tarde desta terça-feira (27) que a vingança contra a morte de um corintiano em 2011, cujo corpo foi encontrado no Rio Tietê, é a principal hipótese para a briga entre torcidas que deixou dois mortos neste domingo (25) na Avenida Inajar de Souza, na Zona Norte de São Paulo.
“Tudo leva a crer que a motivação desse confronto foi a morte de um corintiano em 2011, que foi encontrado no Tietê. Nós detectamos algumas informações sobre isso no Facebook”, disse, durante entrevista na sede do departamento, no Centro de São Paulo. A morte do torcedor corintiano em 2011 ainda está sendo investigada. A autoria é desconhecida.
Cinco mandados de prisão foram cumpridos nesta terça, todos de pessoas suspeitas de envolvimento no confronto de domingo. Entre os detidos está o jovem Tiago Alves Lezo, irmão gêmeo de André Alves Lezo, que morreu após ser atingido por um tiro na cabeça durante a briga. Uma sexta pessoa acabou detida durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na sede das torcidas organizadas porque portava drogas. Também foram cumpridos mandados na residência de torcedores.
A polícia apreendeu computadores nas sedes de Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel. “Apreendemos alguns computadores para que possamos analisar as mensagens de Facebook e Twitter”, afirmou Carrasco. Na sede da Gaviões foram apreendidos também R$ 150 mil que, segundo o diretor, serão depositados em juízo até que os diretores da torcida organizada comprovem a origem do dinheiro.
Um dos jovens feridos na briga entre as torcidas teve morte encefálica, de acordo com boletim divulgado pela assessoria do Hospital São Camilo na manhã desta terça-feira (27). Segundo a diretoria da Mancha Alviverde, o rapaz era palmeirense.
Cerca de 300 torcedores das organizadas se envolveram na confusão. A polícia apura se o confronto foi organizado pela internet.
Detidos da Mancha
Todos os detidos são integrantes da Mancha Alviverde, de acordo com a delegada Margarette Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A polícia já tem outros mandados de prisão expedidos pela Justiça, mas o número não foi divulgado para não atrapalhar as investigações. A polícia apura ainda quem disparou os tiros que atingiram as vítimas e investiga crimes de lesão corporal, tentativa de homicídio e formação de quadrilha.
Segundo a delegada, os torcedores da Gaviões da Fiel fizeram uma emboscada para os da Mancha na avenida, que já foi mapeada como um dos pontos problemáticos para conflitos de torcidas. Ela explicou por que, apesar disso, só há detidos da Mancha. “A gente está diligenciando para investigar os torcedores da Gaviões”, disse.
Margarette completou que “não há mocinhos” no caso. “Não estamos falando de mocinhos, estamos falando de gente que não quer escolta da polícia e eles mesmos fazem a escolta deles com arma de fogo. Eles já sabiam que não deveriam sair sem escolta da Zona Norte. Todos os indícios demonstram que eles também são brigadores, não estamos falando de vítimas, não estamos falando de nenhum chapeuzinho vermelho passeando na floresta.”
Torcedores identificados
O diretor do DHPP disse que há outros envolvidos na briga deste domingo identificados. “Tem alguns indivíduos que fugiram do estado de São Paulo, mas nós já sabemos o paradeiro”, afirmou. Segundo ele, os dirigentes das torcidas podem também ser responsabilizados pelo confronto. “Quem dirige uma torcida sabe o que ocorre dentro de seu âmbito. Eles sabem, lógico que sabem. Inclusive, eles também serão responsabilizados”, afirmou Carrasco.
A delegada disse que foi preciso tomar uma atitude “severa” porque já há notícias de novos confrontos marcados para vingar as mortes ocorridas por causa da briga de domingo. “A gente precisou tomar uma medida bem severa para que as coisas não se repitam, porque há notícias de novos confrontos por causa dessas mortes”, justificou a delegada.
Margarette falou sobre as dificuldades em uma investigação desse tipo. “Existe um pacto de silêncio entre as torcidas, geralmente elas não falam, por isso a gente tem que trabalhar com imagens e denúncias anônimas. Eles estavam lá, sabem quem matou, mas muitas vezes não querem colaborar”, disse. Ela afirmou que, entre os detidos, há pessoas reincidentes em brigas de torcidas.
O diretor do DHPP disse que estão sendo criados mecanismos para mapear as torcidas mais de perto – ele não detalhou, porém, quais são eles. A delegada afirmou que, com o aumento da segurança nos estádios, as brigas migraram para outros pontos da cidade. “De um tempo para cá, essas brigas horas antes do jogo têm acontecido. Eles marcam brigas longe [dos estádios]. Eles não vão para o jogo, vão para brigar horas antes do jogo.”
Organizadas proibidas
A Federação Paulista de Futebol proibiu na segunda a entrada das torcidas organizadas Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde nos estádios até que sejam apurados os responsáveis pela briga que resultou na morte de Lezo. Segundo a federação, a decisão vale até que os responsáveis sejam punidos.
A delegada Margarette Barreto pediu nesta tarde a proibição para a FPF. A torcida Gaviões da Fiel informou que não foi oficialmente comunicada sobre a proibição e que, por isso, não irá se manifestar.
Em nota, a federação disse que, "considerando que é dever da entidade preservar a disciplina nos campos de futebol, resolve proibir a entrada nos estádios, até que sejam apurados os fatos e os responsáveis punidos nos termos da legislação em vigor (Estatuto do Torcedor)". De acordo com a FPF, qualquer adereço que identifique a torcida organizada será proibido - camiseta, adereços e faixas - e a determinação será válida para todas as competições disputadas no estado de São Paulo.

Emboscada
Em nota publicada em seu site, a torcida organizada Mancha Alviverde afirmou ter sido vítima de emboscada e que vem sendo caluniada.

"(...) Fomos vítimas de uma emboscada cravada a tiros por uma torcida rival, onde a própria polícia reconheceu que estávamos sendo escoltados enquanto eles apareceram de surpresa munidos de rojões, bombas, pedras, toucas ninja, barras de ferro e armas de fogo (...)", informou, na nota.

Fonte: G1

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