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quarta-feira, março 21, 2012

"Nasci de novo", diz jovem que foi à UTI após comer brigadeiros envenenados em Curitiba


“Nasci de novo”, disse ao UOL a adolescente Talita Machado Teminski, 15 anos, que passou mal, teve duas paradas cardiorrespiratórias e permaneceu três dias em coma numa UTI após comer dois brigadeiros recheados com veneno em Curitiba. A jovem já está em casa –recebeu alta do hospital na segunda-feira (19) à noite.

Talita, que passou o aniversário no hospital, irá comemorar os 15 anos com uma festa em abril. “Além dos 15 anos, vou comemorar o primeiro ano de uma vida que começou de novo”, disse. Foi justamente a festa que levou a jovem a comer os doces envenenados, no último dia 12 –o bilhete que acompanhava a caixa dizia se tratar de uma amostra para o aniversário.

“Estava sentada em frente de casa quando chegou um táxi. O motorista perguntou por mim e entregou os bombons. Vi que eram amostras, comi com uns amigos que estavam comigo. Eram umas cinco e meia, seis da tarde. Na hora do jantar, já estava mal. Tive enjoo, vomitei, comecei a espumar pela boca. Daí correram comigo para o hospital e não me lembro de mais nada. Só acordei depois do coma”, disse Talita.

Ela e os três amigos foram levados a um pronto-socorro na região do Pinheirinho (zona sul de Curitiba). Talita e uma amiga de 16 anos, em estado mais grave, foram dali para a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital de Clínicas da UFPR, no centro da capital.

Tentativa de homicídio
“Não tenho a mínima ideia de quem possa ter enviado os doces”, disse a jovem. Para a polícia, é certo que se tratou de uma tentativa de homicídio. Na lista de suspeitos que está nas mãos do delegado Rubens Recalcatti, responsável pelas investigações, está um jovem de 20 anos, ex-namorado de uma das amigas de Talita que estavam junto com ela no dia e também comeram os brigadeiros.

“O fim da relação deles foi meio tenso. Todo mundo a incentivava a terminar o namoro, e eu, como melhor amiga dela, também. Sei que ele chegou a me ameaçar por causa disso”, disse Talita. Questionada sobre as ameaças, ela preferiu não entrar em detalhes. “Não acho que haja chance de ele ser o culpado.”

O rapaz foi ouvido pela polícia e negou envolvimento no caso. Ainda assim, teve uma amostra de sangue recolhida. Com isso, será possível dizer se o fio de cabelo encontrado num dos brigadeiros é dele.

“Também colhemos material para exame grafotécnico, que irá indicar se foi ele que escreveu o bilhete que acompanhava os brigadeiros”, disse Recalcatti, titular da Delegacia de Homicídios. Ainda não há prazo para a conclusão dos exames.

O pai de Talita, Edilson Teminski, é soldado da Polícia Militar. Por causa disso, chegou-se a suspeitar que o crime era uma vingança contra ele. Teminski não crê nessa hipótese. “Pensei muito nisso, rememorei ocorrências recentes e não me lembro de nada que pudesse motivar uma vingança”, afirmou ao UOL.

Ele e a filha dizem acreditar que a polícia chegará ao culpado. “Muita gente está ligando, dando informações, pois o caso teve repercussão nacional”, disse Teminski. “Sei que quem me enviou os brigadeiros irá aparecer”, afirmou Talita.

Volta à rotina
Além do ex-namorado da jovem, a principal suspeita do crime é uma mulher que o motorista do táxi que entregou os doces diz tê-lo contratado para fazer a entrega. A polícia já divulgou imagens dela, gravadas pelas câmeras de segurança de um shopping no Pinheirinho. Ela aparece com a caixa de brigadeiros na mão, conversando com um taxista e depois se dirigindo a outro carro.

“Não conheço ninguém como ela”, disse Talita, que já viu as imagens. Ainda assim, Recalcatti afirmou acreditar que a divulgação delas possa ajudar a solucionar o caso.
Segundo a polícia, os brigadeiros estavam recheados com “chumbinho”, um raticida proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) fabricado a partir de agrotóxicos. O Instituto de Criminalística analisa o conteúdo dos doces e amostras de sangue das vítimas.

Talita e os três amigos que comeram os bombons já deixaram o hospital. A última a receber alta, ontem (terça 20), foi a amiga dela, de 16 anos, que também precisou ser levada à UTI por conta de uma lesão pulmonar causada pelo veneno. Outros dois jovens, de 13 e 17 anos, já receberam alta na semana passada.

Ontem, em seu primeiro dia em casa, Talita recebeu visitas de amigos e parentes. “Foi um dia tumultuado”, declarou o pai. Hoje, ela visitou a amiga que saiu do hospital, que é sua vizinha no Umbará, bairro de classe média do extremo sul de Curitiba. Por recomendação médica, a jovem deve ficar de repouso até o fim de semana.

Na próxima segunda-feira (26), Talita volta às aulas e à rotina normal. Enquanto isso, planeja a festa de 15 anos, marcada para 14 de abril. “Vai ter brigadeiro, sim, mas acho que ninguém vai comer”, disse a jovem.

Fonte: Notícias Uol

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