Uma barca com 10 mil litros de óleo combustível, que afundou em dezembro na baía do Almirantado, perto da estação Comandante Ferraz, na Antártida, já está em terra firme.
A Marinha informou neste sábado (3) que a embarcação "foi reflutuada e levada para terra, onde se encontra em segurança, sem causar qualquer dano ambiental".Apesar de ter ocorrido em dezembro, o episódio só veio à tona no dia 25 de fevereiro, em reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" --por coincidência, na mesma data em que um incêndio destruiu grande parte da base brasileira no continente.
O resgate da barca levou cinco dias e foi feito por mergulhadores embarcados no navio Gulmar Atlantis, cedido pela Petrobras, com escolta de um navio da Marinha.
Para realizar a operação, os mergulhadores tiveram de remover alguns itens, como rampas de acesso e uma barreira para contenção do óleo, antes de trazer a estrutura de volta à superfície.
Nem sempre foi possível continuar o resgate: más condições meteorológicas obrigaram a interrupção das atividades, segundo a Marinha.
Na superfície, foram instalados flutuadores no casco da barca. Depois, o óleo que estava nos tanques foi bombeado e armazenado em recipientes, impedindo vazamento, afirma a Marinha.
BRECHA
Um buraco na legislação internacional faz com que países que provoquem acidentes ambientais na Antártida fiquem livres de multa e da obrigação de reportá-los imediatamente.
A proteção ambiental na Antártida é regulada pelo Protocolo de Madri, de 1991 (que entrou em vigor em 1998). O acordo transformou a Antártida em um continente destinado apenas à pesquisa científica e ao turismo, congelando toda a exploração econômica por 50 anos.
O texto do protocolo tem vários anexos, que dispõem sobre fauna, flora e poluição marinha, por exemplo. Um desses anexos, o 6º, determina que emergências ambientais devam ser imediatamente comunicadas aos outros países e estabelece um fundo internacional para proteção ambiental. Este seria constituído com dinheiro de multas aplicadas a poluidores.
Para que o Anexo 6º possa se aplicar, porém, todos os 28 membros consultivos do Tratado da Antártida devem ratificá-lo, ou seja, transformá-lo em lei em seus respectivos parlamentos. Até hoje, só cinco nações --entre elas Austrália e Nova Zelândia-- o fizeram. Brasil e EUA, por exemplo, ainda não ratificaram a norma.
Fonte: Folha de São Paulo
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