Um dos problemas recorrentes ao diagnóstico dos casos de calazar no cão é a dúvida levantada pelo dono do animal quanto ao resultado. De acordo com Edinaidy Moura, coordenadora do Centro de Zoonoses de Mossoró, é muito comum que o portador do cão solicite uma segunda amostragem de exame quando a sorologia do município atesta positividade da doença.
"Quase sempre o exame particular que as pessoas fazem comprovam o diagnóstico do Centro de Zoonoses porque a metodologia usada é a mesma". Nesse caso, o Ministério da Saúde orienta que seja coletada uma terceira amostragem que deve ser encaminhada ao laboratório de referência do Governo Federal.
Somente de Mossoró, o Centro de Zoonoses espera o resultado de uma terceira análise em Minas Gerais de 15 casos caninos. "Não temos como sacrificar todos os cães. O que fazemos é montar uma equipe de inspeção nos bairros onde apresentam casos em humanos e coletamos amostras de todos os animais. Se o resultado da análise for contestado, o dono pode apresentar um exame particular", ressalta a coordenadora.
A maior atenção do Centro é quanto aos bairros Abolição (Zona Oeste) e Santo Antônio (Zona Norte) porque de acordo com elas em todos os anos aparece, pelo menos, um caso. No ano passado, por exemplo, foram confirmados 599 em animais e 23 casos em humanos. A situação é considerada alarmante porque a redução é muito lenta. Só no ano, três pessoas foram vitimadas pela doença.
A tendência segue nos dois primeiros meses desse ano quando já foram confirmados 91 casos da doença em animais e três casos em humanos. No começo do ano, o sistema enfrentou problema com a falta de material para coleta que comprova os sintomas da doença. Mesmo assim, o coordenador do Laboratório Central do Estado garante que o material está atendendo a atual demanda e a espera é apenas o tempo necessário para o procedimento, não havendo filas.
Caso apareçam sintomas, no humano, o primeiro passo da vítima é procurar a rede básica de saúde para a realização do exame, uma vez positivada a doença, o paciente é encaminhado para o hospital de referência a doenças infectocontagiosas, que no caso de Mossoró acontece no Hospital Rafael Fernandes.
Por falta de UTI, paciente vai para Natal
O tratamento da doença em humanos leva no mínimo 21 dias. Porém, dos três casos confirmados em Mossoró, apenas um está em tratamento no Hospital Rafael Fernandes. De acordo com o coordenador de enfermagem da Unidade, Rui Alves, devido à reforma que está sendo realizada, a quantidade de leitos reservadas à doença foi reduzida em 50%, ou seja, apenas dois estão disponíveis.
Mesmo assim, a situação ainda é mais crítica porque o Rafael Fernandes está sem leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tanto que o paciente anterior que estava em tratamento precisou ser encaminhado para o Hospital Giselda Trigueiro, em Natal.
"Ele precisou tomar um medicamento bastante forte e como a imunidade da pessoa reduz significativamente, é preciso um cuidado maior", explica o coordenador. Embora a doença não seja transmissível entre humanos, o paciente fica com a defesa do organismo comprometida e divide espaço no Rafael Fernandes com pacientes de tuberculose, HIV/Aids.
"O medicamento necessário para o tratamento da doença só é distribuído através do Rafael Fernandes, por isso é importante que o paciente faça o tratamento necessário", ressalta.
Fonte: Defato
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