Uma investigação até então sigilosa, que teve início em outubro do ano passado e está perto de ser concluída, revelou para a Polícia a existência de um grande esquema criminoso de fraude documental para a prática de golpes no comércio de Fortaleza. Pelo menos, três inquéritos policiais e uma prisão em flagrante formam o calhamaço em poder da Polícia Civil, através da sua Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF).
O esquema fraudulento consiste na utilização de documentos falsos e uso de nome de pessoas humildes para a abertura de empresas e de contas bancárias com o objetivo de compras no comércio - até veículos zero quilômetro - financiamentos bancários e empréstimos.
Escritório
A Polícia descobriu que um contador, com escritório montado em um grande e luxuoso centro comercial, no bairro Aldeota, está no comando do que a Polícia chama de ´escritório do golpe´. Chama-se Oderlande Vasconcelos Silva, 37, que, recentemente, ganhou a liberdade através de habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Ele havia sido preso, em flagrante, no dia 6 de fevereiro, juntamente com o estelionatário paulista Fábio José Romão e Silva, 30. Os dois tentavam fazer uma transferência fraudulenta de R$ 1 milhão da conta de um militar aposentado residente em São Paulo, para uma conta aberta com documentos falsos num banco instalado nesta Capital.
Conforme a Polícia, Oderlande é acusado de abrir diversas empresas em São Paulo e Fortaleza, nos últimos três anos, usando documentos de terceiros, para obter a abertura de contas e, assim, fazer compras, pedir empréstimos bancários e obter financiamentos vultosos.
A investigação sobre o caso teve início quando dois rapazes, Tiago Medeiros e Silva e Amarildo dos Santos Vale, ambos residentes na cidade de Pedra Branca (261Km de Fortaleza) tiveram seus nomes usados indevidamente na abertura de uma loja de roupas finas denominada "Dglas´ (Dglas Indústria de Artigos de Vestuário Ltda), instalada na Avenida Monsenhor Tabosa, Praia de Iracema.
Casal
Logo, a Polícia descobriu que um casal, identificado como Júlio Ernesto Pimentel Lins Cavalcante e sua mulher, Maria Deglase Albuquerque Lins Cavalcante, usou o nome das vítimas, indevidamente, na abertura da firma e de contas bancárias. O casal foi, recentemente, indiciado em dois inquéritos por crimes de estelionato, falsificação de documento público e falsidade ideológica. Em nome das vítimas do golpe, Deglase e Ernesto fizeram um empréstimo bancário da ordem de R$ 111 mil.
Outra vítima da quadrilha foi a auxiliar de cozinha Maciene Ramos de Aquino, cujo nome foi usado pelo esquema criminoso para a compra de veículos, financiamentos e empréstimos.
Ao ser detido pela Polícia em fevereiro, o contador Oderlane estava de posse de um carro que havia sido comprado em nome da auxiliar de cozinha. Ela havia trabalhado em uma empresa (Sertões Indústria de Alimentos Preparados Ltda) que havia sido aberta pelo casal Deglase e Júlio Ernesto em nome de Tiago Medeiros da Silva, um dos rapazes de Pedra Branca. Depois, seu nome apareceu em um aditivo da referida empresa.
Envolvimento
O titular da DDF, delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, está convicto de que conseguiu chegar aos responsáveis pelos sucessivos golpes e deverá pedir a prisão dos envolvidos no ´escritório do golpe´. O contador seria o responsável pela preparação de toda a papelada usada nas falcatruas, inclusive, diversos aditivos nas empresas comerciais abertas fraudulentamente.
As vítimas dos golpes já foram ouvidas e, de forma unânime, afirmam que estão amargando sérios prejuízos financeiros, além de ter seus nomes incluídos no cadastro de devedores. Somente em nome de um dos rapazes de Pedra Branca, são cerca de R$ 19 mil em cheques sem fundos, além de outros débitos bancários. Já a auxiliar de cozinha Maciene teve um veículo de R$ 60 mil comprado em seu nome, além de agora ´possuir´ até um imóvel na área nobre de Fortaleza, além de várias contas.
FIQUE POR DENTRO
Elenco de crimes aparece durante os inquéritos
Crimes de estelionato, falsificação de documentos públicos e falsidade ideológica estão no rol dos delitos apontados como praticados nos últimos anos pelos acusados de fazer parte do esquema criminoso. A Polícia Civil, através da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), já descobriu que várias empresas foram montadas com o objetivo de respaldar as falcatruas, por meio da abertura de contas em diversos bancos. Em nome de terceiros, os acusados teriam feito empréstimos e financiamentos, além de comprar carros e outros bens no comércio local.
Fonte: Diário do Nordeste
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