A crise no sistema carcerário do Rio Grande do Norte ganhou mais um capítulo ontem com as declarações dadas pelo secretário de Estado da Justiça e da Cidadania (SEJUC), Fábio Hollanda, que falou abertamente sobre os problemas enfrentados atualmente no Sistema Penitenciário Estadual (SPE). Nesta semana, as deficiências da instituição foram tema de reportagens publicadas pelos portais Uol, G1, Terra e outros veículos de circulação nacional. O tema foi o caso de uma unidade prisional que tinha uma baladeira ao invés do armamento de fogo.
A reportagem foi publicada na edição de hoje do jornal Tribuna do Norte, assinada pelo repórter Fred Carvalho. O secretário foi franco na conversa e afirmou que está disposto a entregar o seu cargo, insatisfeito com o quadro de auxiliares e com a falta de estrutura estatal no que diz respeito principalmente à política de ressocialização dos internos.
"Não é um ultimato. O cargo, juridicamente, é da governadora. Eu não terei nenhum constrangimento em deixar a Secretaria. Eu terei constrangimento em ficar na Secretaria e não conseguir desenvolver um bom trabalho com o dinheiro do contribuinte do Rio Grande do Norte. Se dependesse de mim, na condição de presidente do PR em Natal, o partido entregaria a Secretaria e manteria uma posição independente do ponto de vista administrativo do Governo Rosalba Ciarlini", desabafou.
Além das dificuldades estruturais que enfrenta na Pasta, Fábio Hollanda afirmou que tem sofrido ameaças e que não tem tido o apoio do Governo do Estado neste aspecto. Ele disse que pediu segurança ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), que é a tropa de elite da Polícia Militar, mas não foi atendido e continua trabalhando em perigo.
"As ameaças são telefonemas. No meu telefone particular e no meu telefone da Secretaria. Eu recebo ligações em que as pessoas ficam em silêncio. O Comando Vermelho (maior facção criminosa do Rio de Janeiro) está aqui e é necessário que se tenha cuidado e eu não tenho escolta", desabafou.
Recentemente, outros dois servidores que ocupavam cargos importantes na Secretaria de Justiça pediram exoneração dos seus cargos, sinalizando que o problema do Sistema era mais grave do que parecia.
Os coronéis PM Zacarias Mendonça e Severino Reis, ex-diretor de Alcaçuz, maior unidade prisional do RN, e ex-diretor do Sistema Penitenciário Estadual, haviam pedido afastamento dos seus cargos.
Os reais motivos da saída dos dois não foram confirmados pelo Governo do Estado.
Nem mesmo o secretário Fábio Hollanda, responsável pelo sistema prisional do RN, sabe o motivo real da saída dos dois. Segundo ele, o coronel Reis já vinha reclamando das dificuldades que encontrou e esse pode ter sido o motivo.
Fonte: Defato
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