Uma comissão de políticos europeus pediu a Fifa, entidade que comanda e regula o futebol mundial, que investigue a reeleição de seu presidente, Joseph Blatter, ocorrida no ano passado, além de publicar documentos relacionados a suspeitas de corrupção.
Por meio de um esboço de resolução, a comissão de Cultura, Ciência, Educação e Mídia, que faz parte da assembleia parlamentar do Conselho da Europa, quer uma investigação para descobrir se alguém, e Blatter em particular, usou sua posição para obter vantagens pessoais e indevidas.
"A Assembleia especificamente pede à Fifa que tome as medidas necessárias para lançar total luz sobre os fatos por baixo dos vários escândalos que, nos últimos anos, mancharam a sua imagem e a do futebol internacional", diz o texto da comissão.
"A Assembleia insiste que a Fifa (...) abra uma investigação interna no sentido de determinar se, e em que extensão, durante a última campanha para o cargo de presidente, os candidatos, e particularmente o candidato vencedor, exploraram suas posições institucionais para obter vantagens indevidas para si ou para os eleitores em potencial", afirma a comissão.
O esboço de resolução foi aprovado nessa terça-feira, em Paris, em uma reunião da comissão, cujo tema era "Boa Governança e Ética no Esporte". O Conselho da Europa é o órgão de fiscalização responsável por supervisionar a Corte Europeia de Direitos Humanos.
A comissão também ressaltou que a Fifa apresentou substanciosos aumentos de salário em seu quadro de funcionários nos últimos anos.
Propinas
Blatter foi reeleito em junho de 2011, depois que seu opositor, Mohamed Bin Hammam, retirou sua candidatura após ser acusado de oferecer propinas de US$ 40.000 a 25 autoridades de futebol do Caribe, em troca de votos, três semanas antes do pleito. Em julho, ele foi considerado culpado e sofreu um banimento permanente do esporte.
O presidente da Football Association (federação inglesa de futebol), David Bernstein, chegou a entrar com um recurso para adiar a eleição, mas não obteve sucesso.
Já as táticas de campanha de Blatter também foram questionadas, quando ele anunciou à Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) um financiamento extra de US$ 1 milhão.
A resolução também pede à Fifa que publique na totalidade os documentos que tenham relação com o escândalo da empresa de marketing esportivo ISL, no qual quatro pessoas ligadas à Fifa teriam recebido propinas durante os anos 1990, relacionados a direitos de transmissão da Copa do Mundo.
Copa de 2014
Enquanto isso, Blatter pediu para se reunir com a presidente Dilma Rousseff na próxima semana, para discutir as preocupações da Fifa relativas à organização da Copa do Mundo de 2014.
As relações entre a Fifa e o governo brasileiro ficaram tensas na última semana, depois que o secretário-geral da entidade, Jérome Valcke, deu declarações criticando a organização do Mundial e as autoridades do país, afirmando que o Brasil deveria levar um "chute no traseiro".
Depois disso, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, exigiu a saída de Valcke da função de interlocutor da Fifa nas negociações sobre a Copa do Mundo.
Tanto Valcke quanto Blatter se desculparam por escrito ao governo brasileiro depois do ocorrido. Em sua carta, no entanto, o presidente da Fifa deixa claro que o tempo está se esgotando e que o país deve acelerar os preparativos para a Copa.
Fonte: Uol Esportes
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