Clínicas oftalmológicas de todo o País ameaçam suspender os serviços credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da próxima quinta-feira, 1º de março. O movimento organizado pela União Nacional dos Serviços Oftalmológicos Credenciados ao SUS (UNOSUS) é uma reação ao corte de mais de 60% dos recursos destinados ao tratamento dos pacientes portadores de glaucoma, anunciado pelo Ministério da Saúde.
Hoje, em Brasília, a decisão será oficializada pelos 136 prestadores de serviços oftalmológicos, durante o Fórum Nacional de Saúde Ocular. A paralisação só não será levada a termo se o Ministério da Saúde apresentar uma nova proposta para o setor.
A paralisação afetará milhares de pacientes portadores de glaucoma em todo país, que dependem exclusivamente do serviço público. Em Mossoró, segundo dados do Hospital Geral dos Olhos (HGO), mais de 1.500 pessoas serão afetadas. A clínica trata ainda de 12 mil pacientes em todo o Estado, listados no programa do Governo Federal. "Esses pacientes têm direito à consulta e aos medicamentos", destaca o oftalmologista Vanderlânio Carolino, diretor do HGO e membro da UNOSUS.
A medida do Ministério da Saúde é considera unilateral pelos dirigentes de clínicas credenciadas, além de provocar prejuízos financeiros. "Com os cortes no orçamento, os prestadores de serviços ao SUS não têm condições de manter o atendimento", afirma Carolino.
O presidente da ONUSUS, oftalmologista Saulo Freire, reclama que os prestadores de serviços não foram consultados da decisão do Ministério de Saúde, muito menos a medida foi pactuada na comissão intergestora tripartite. As consequências são graves, segundo Freire: "Nós fazemos um alerta para seriedade deste problema. São mais de 100 mil pacientes em tratamento que ainda não sabem aonde vão receber os atendimentos e os colírios", alerta.
Alto custo
O problema maior é que a rede pública de saúde não dispõe de profissionais suficientes para acompanhar os pacientes portadores de glaucoma. Essa lacuna vem sendo preenchida pelos prestadores de serviços. "Somos nós que levamos o atendimento para todos os cantos do País. Consultamos e distribuímos os medicamentos às pessoas carentes, para depois o governo repassar o dinheiro. Com a paralisação, como fica o acompanhamento dos pacientes em tratamento", ressalta Carolino.
O tratamento oftalmológico é caro e distante da realidade das famílias assalariadas. Os pacientes de glaucoma, por exemplo, têm que pagar em média R$ 200,00 pela consulta. Os medicamentos também estão longe do alcance dos mais pobres. Cada unidade de colírio não sai por menos de R$ 150,00.
Municípios não têm estrutura para atendimento
O oftalmologista Vanderlânio Carolino faz um alerta preocupante: se os prestadores de serviços ao SUS suspenderam o atendimento, os pacientes portadores de glaucoma não terão onde receber assistência. O problema se agrava nos pequenos municípios, uma vez que as Secretarias de Saúde não dispõem de condições financeiras e não contam com profissionais para atender à população.
No caso de Mossoró, a saúde pública precisaria fazer investimento com urgência para evitar consequências mais graves. Hoje, o atendimento aos portadores de glaucoma é feito pelo Hospital Regional dos Olhos (HGO), através de convênio. "Temos registrado 1.500 pacientes de Mossoró, que são consultados e recebem medicamentos", revela.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma, são aproximadamente 1 milhão de pessoas portadoras da doença. A maioria depende da rede pública para de submeter ao tratamento.
Fonte: Defato
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