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quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Mais de 50 armas voltaram para as ruas

Imagem meramente ilustrativa


Os bandidos que invadiram o Fórum de Martins, no início deste mês, fugiram levando um verdadeiro arsenal bélico. Foram retiradas 55 armas de fogo, todas em pleno funcionamento. Os bandidos tiveram tanta facilidade que conseguiram selecionar as armas que iriam levar, deixando para trás quase 50 que não funcionavam ou estavam em má conservação. No mesmo dia, bandidos invadiram o Fórum de Patu, distante 40 km uma da outra. Neste segundo caso, os bandidos levaram apenas documentos referentes à Justiça Eleitoral.
Os dois arrombamentos ocorreram entre os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro deste ano. Nos dois casos, a invasão só foi percebida na manhã do dia seguinte, quando funcionários chegaram para trabalhar e perceberam a ação criminosa.
De acordo com a diretora do Fórum de Martins, Ana Paula, havia 93 armas apreendidas no prédio, porém os bandidos optaram por levar somente aquelas que estavam funcionando. Deixaram para trás 38 armas de fogo de variados calibres, todas em péssimo estado de conservação (algumas delas nem funcionavam).
As armas haviam sido apreendidas pelas polícias Civil e Militar da região. Quando ocorre isto, o material é encaminhado ao Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP), onde é feita a perícia, e depois encaminhado para os fóruns.
A diretora não soube informar com precisão, mas confirmou que algumas delas estavam apreendidas há bastante tempo. Elas são levadas pelo Exército só depois que o processo é concluído, o que pode demorar vários anos no Brasil.
Depois do arrombamento, o Exército foi acionado e levou as armas que foram dispensadas pelos criminosos. Agora, explica a diretora, toda arma apreendida ficará sob a proteção da Polícia Militar, nos batalhões da região. A intenção é evitar que novos arrombamentos aconteçam e que mais de 50 armas voltem para as ruas.
O arrombamento do Fórum de Patu é investigado pela Polícia Federal. De lá foram levados apenas documentos referentes à Justiça Eleitoral.
Já o outro caso é investigado pela Polícia Civil. O delegado Normando Feitosa é o responsável pelo processo, além de inúmeros outros crimes que têm ocorrido nas várias cidades que ele responde como delegado, todas no Oeste do RN.
Ele não foi localizado ontem pelo DE FATO para comentar o andamento da investigação. Um dia após o crime, ele reconheceu ser difícil localizar as armas e prender os arrombadores, caso que tem se repetido nos últimos furtos de prédios da justiça no interior.

SEM SEGURANÇA
Os prédios da Justiça no interior do Rio Grande do Norte não têm a mínima estrutura de segurança. Durante o dia, cabe à Polícia Militar ceder seus homens para fazer a segurança dos prédios e dos servidores.
À noite, não há nenhum tipo de segurança e os prédios ficam à disposição dos bandidos. Basta pular o muro e arrombar as portas ou as janelas.
O último caso de fórum arrombado no interior do Rio Grande do Norte havia ocorrido em Ipanguaçu, em maio do ano passado. Na ocasião, os bandidos levaram 30 armas.

MUDANÇA NO CE
Diferente do descaso com a segurança nos fóruns do Rio Grande do Norte, o Estado do Ceará adotou medidas mais rígidas para garantir a segurança dos servidores e dos prédios, evitando que armas e drogas apreendidos sejam furtados.
Os fóruns das cidades do interior e da Região Metropolitana de Fortaleza ganharão a presença de policiais militares. O anúncio foi publicado ontem pelos jornais cearenses, atendendo a uma solicitação da presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE). 
No interior, cada Fórum deverá contar com, pelo menos, dois policiais militares fazendo a segurança durante o período de funcionamento. 
No caso das cidades onde existam apenas destacamentos, os PMs terão que fazer a vigilância em pontos bases (PBs) próximos dos prédios que abrigam as atividades do Judiciário e do Ministério Público.

Furto corresponde a vários meses de trabalho da Polícia de Mossoró
As 55 armas de fogo que foram levadas do Fórum de Martins equivalem a aproximadamente seis meses do trabalho da Polícia Militar em Mossoró. No primeiro semestre de 2011, os militares haviam retirado praticamente esse mesmo número de armas das ruas, fruto de várias operações policiais.
Essa mesma quantidade de armas havia sido levada da sede do Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) de Mossoró em julho do ano passado. 
Na época, o DE FATO fez um levantamento junto ao Segundo Batalhão de Polícia Militar de Mossoró e verificou que o crime representava aproximadamente cinco meses de trabalho dos policiais militares.
O caso foi investigado por uma equipe composta por três delegados, mas até hoje ninguém foi preso ou indiciado, assim como no outro furto do Itep, em outubro de 2006, quando 14 tinham sido levadas e até hoje não houve punição.
Dos crimes recentes contra prédios da justiça, o único que teve uma reposta foi o de Patu, que inclusive foi arrombado no mesmo dia do de Martins. Na invasão anterior, os bandidos tinham levado armas. Todas foram recuperadas e a quadrilha responsável foi capturada.
O comandante do Segundo Batalhão da PM de Mossoró, tenente-coronel Túlio César, mostrou-se desapontado com o furto das armas do Itep, em entrevista concedida ao DE FATO logo após o ocorrido.
Para o tenente-coronel Túlio César, na época, assim como a maioria da tropa da PM de Mossoró, a sensação era de "trabalho perdido". "É o sentimento de todos nós, no Batalhão (de Polícia Militar de Mossoró), que nosso trabalho foi por água abaixo", lamentou o oficial militar, que disse ver o esforço da tropa "ir pelo ralo".

Fonte: Defato

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