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sábado, fevereiro 04, 2012

Mãe acha em Mossoró filha levada no DF

Exatos três anos após ter a filha de cinco anos levada pelo ex-marido, a maranhense Valdilene Batista da Silva, 37 anos, reencontrou a garota em Mossoró. Francisco das Chagas Nolga, 48, é natural de Currais Novos e havia voltado para o Rio Grande do Norte há quase um ano. A ex-caixa de supermercado passou dois anos juntando dinheiro e largou emprego no Maranhão para viajar a procura da filha. Ela já havia passado por várias cidades, à procura de Francisco, que só foi achado ontem em Mossoró.
O casal se conheceu em Brasília (DF). Ela morava em Grajaú, no Maranhão, e estava trabalhando na capital brasileira. Os dois se casaram e tiveram uma filha. Depois de 11 anos de relacionamento, resolveram se separar e foi aí que começou a confusão. Eles estavam morando em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, quando se separaram. Valdilene Batista voltou para Grajaú e Francisco das Chagas para Brasília. Ela conta que resolveu levar a filha para passar as férias com o ex-marido. "Eu viajei pra lá e levei ela pra ficar com ele porque achei que ele tinha esse direito", explicou.
Até então, o casal ainda não havia acionado a Justiça para decidir quem ficaria com a guarda da criança. A mãe voltou para o Maranhão e depois de um mês retornou a Brasília para buscar a filha, foi quando teve a primeira surpresa. Francisco havia sumido com a garota. A Justiça foi acionada e decidiu que a mãe ficaria com a guarda da menina. O pai tinha direito de visitá-la a cada 15 dias e passaria ainda as férias com a menina. Numa dessas visitas, Francisco resolveu fugir mais uma vez com a menina. Dessa vez, seriam três anos sem destino, passando por inúmeras cidades brasileiras.
valdilene_batistaA mãe acionou novamente a Justiça e o processo demorou aproximadamente dois anos. Nesse período, Valdilene trabalhava como caixa de um supermercado em Grajaú, sua cidade, à espera de uma decisão judicial. Dois anos depois foi expedido um mandado de busca e apreensão para a garota. Ela já havia conseguido juntar R$ 6 mil com o pouco salário que ganhava e resolveu sair do emprego, no fim do ano passado, para procurar a filha. Ela lembra que começou a investigar por conta própria, seguindo os passos do ex-marido. Esteve em Brasília e Paraíso do Norte, no Tocantins, sem sucesso.
"A gente ia se informando com a família onde ele estava com ela e eu ia lá para confirmar. Às vezes chegava e ele já tinha ido embora", relembra Valdilene, citando o que aconteceu em Currais Novos. Francisco passou quatro meses na cidade onde nasceu e depois veio para Mossoró, onde estava morando até ontem. Ela foi a Currais Novos e acionou a Polícia, de posse do mandado de busca e apreensão. Os policiais de lá descobriram que ele estava morando em uma casa no bairro Aeroporto, em Mossoró, e pediram apoio aqui. A Segunda Delegacia Regional de Polícia Civil auxiliou na busca.
Francisco e a filha, agora com 8 anos, foram encontrados ontem pelos policiais e a mãe reencontrou a filha há exatos três anos após ela ter sido levada pelo pai, de Brasília. As duas conversaram bastante na Delegacia Regional de Mossoró e depois foram encaminhadas ao Conselho Tutelar. A primeira providência tomada foi apresentar a situação ao Ministério Público Estadual para decidir o que fazer. Até ontem à tarde a questão estava em aberto. Segundo o delegado Claiton Pinho, a menina será entregue à mãe, como manda a Justiça em Brasília, mas o MP e a Justiça do RN precisavam primeiro verificar tal situação.

Pai diz que fuga era a única saída
Francisco da Chagas não foi preso. Ele vai responder processo em liberdade por descumprimento de uma ordem judicial, que lhe dava o direito apenas de ver a filha a cada 15 dias e passar as férias com ela.
À reportagem, ele disse que tinha conhecimento das consequências da sua atitude, ao decidir tirar a filha da ex-mulher.
"Eu sabia que era errado o que eu ia fazer, mas era a única maneira de eu ficar com minha filha. Eles (a esposa e a família) não queriam saber de juiz não (refere-se à decisão judicial). Tudo que eu queria era ficar com a minha filha", lembrou.
Nesses três anos, Francisco conta que viajou por várias cidades brasileiras, trabalhando nas mais variadas profissões. "Num falta emprego não. Sou uma pessoa de bem. Onde chegava arrumava um emprego e ia me virando", destacou.
Ele disse estar surpreso com a persistência da ex-mulher, que juntou dinheiro e saiu à sua procura, Brasil à fora. "Eu sabia que um dia alguém ia achar a gente. Mas não achava que fosse ela não. Não sabia que ela estava procurando a gente assim", disse assustado.
Questionado pela reportagem sobre o que iria fazer agora que foi obrigado a devolver a filha, ele disse que iria tentar a guarda da menina pelas vias legais, pela Justiça.

Fonte: Defato

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