A Central do Cidadão de Mossoró completa 14 anos hoje. Apesar da praticidade por aglutinar diversos órgãos num só lugar, a estrutura e o quadro de pessoal não acompanharam o aumento da demanda, e estão defasados. O resultado se reflete na qualidade das acomodações e do atendimento que deixam a desejar e geram permanentes reclamações.
É o caso do estudante Carlos Figueiredo. Quinta-feira (9), ele precisou ir à Central do Cidadão retirar a segunda via do documento de identidade. "Cheguei às 6h da manhã e às 15h ainda não tinha sido atendido. Fui sair perto das 16h30. Esperei ao sol, sem lugar para sentar, vi gente pegar a fila duas vezes porque o servidor se esqueceu de entregar a ficha", conta.
Ele reclama também que é impossível retirar dois documentos em órgãos diferentes no mesmo dia. Precisava requisitar a segunda via da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), mas não foi autorizado porque as fichas são limitadas para cada serviço. "Salas apertadas, ar-condicionado deficiente, as piores condições possíveis", relata.
O sindicalista Hermes Oliveira, que conhece a realidade da Central do Cidadão devido ao trabalho sindical, lamenta a situação da unidade. Denuncia péssimas condições de trabalho para os servidores, os quais, segundo ele, não devem ser culpados pela precariedade do atendimento. Entende que o serviço seria mais eficiente se a estrutura fosse melhor.
Em relação ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), carro-chefe da Central, o coordenador regional do Sindicato dos Servidores da Administração Direta e Indireta (Sinai) diz que a situação é lamentável. "A estrutura há muito deixou de servir ao Detran, que precisa de mais cerca de 20 servidores efetivos para normalizar serviços na atual estrutura", lamenta.
Ele lastima que a estrutura física e de pessoal é deficitária em todos os setores. Falta acessibilidade, salas são pequenas, a recepção já não funciona. "E muitos servidores deixaram a Central do Cidadão porque não estavam recebendo gratificações. Cerca de 20% dos servidores deixaram o programa em todo o Estado", informa.
Hermes Oliveira lamenta ainda que alguns órgãos deixaram de funcionar na Central de Mossoró, como o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Ambiental do Rio Grande do Norte (Idema) e sistema Oi Telemar. Funcionam lá Detran, Sistema Nacional de Emprego (Sine), Banco do Brasil, Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Datanorte e Itep.
Transferência da estrutura para a rodoviária continua no papel
A decadência da Central do Cidadão de Mossoró foi tema de audiência do Ministério Público em março de 2011, no auditório do Serviço Social da Indústria (Sesi). Da reunião saiu a proposta de transferi-la da atual e defasada sede do bairro Aeroporto para o Terminal Rodoviário Diran Ramos do Amaral, subutilizado.
No dia 28 de setembro de 2011, o Governo do Estado apresentou o projeto arquitetônico de um Centro Administrativo Integrado, que acolheria no terminal rodoviário todos os serviços da Central do Cidadão. Mas tudo ainda continua no papel. A reportagem do O Mossoroense contatou, sem êxito, a secretária estadual de Infraestrura, Kátia Pinto.
Enquanto a transferência não é efetivada, lixo, sujeira, infiltrações, mofo, falta de acessibilidade, ar-condicionados quebrados, cadeiras deterioradas e teto desabando em alguns pontos são algumas das marcas que o abandono trouxe ao prédio onde funciona hoje a Central do Cidadão de Mossoró. Apesar disso, os 14 anos da unidade não passarão em branco.
Mobilização dos seus servidores começou ontem, com missa em ação de graças às 17h, na Catedral de Santa Luzia, com celebração do padre Walter Collini. Hoje, às 19h, haverá culto na Assembleia de Deus da rua João da Escóssia (Nova Betânia), com o pastor Marcos Alencar. Todos os servidores e cidadãos são convidados para o ato religioso.
Fonte: O Mossoroense
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