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Mortandade de peixes no litoral do Rio Grande do Norte. Uma quantidade ainda desconhecida de animais da espécie salema branca (Archosargus rhomboidalis) foi encontrada morta na beira da praia em um trecho de aproximadamente 95 quilômetros da costa potiguar, que compreende a orla entre Ponta Negra, em Natal, e Touros, no litoral Norte. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estuda três hipóteses para a mortandade: uma doença que os peixes tenham desenvolvido, um parasita que infestou os animais ou algum item da alimentação que possa tê-los intoxicado.
A espécie é comum em todo o litoral brasileiro e frequenta águas rasas, na área do solo oceânico conhecida como substrato, a parte composta por rochas, recifes e gramíneas. "É um animal que nada no fundo, mas não em grandes profundidades. Estranhamos porque não é comum encontrá-los na superfície. Eles frequentam locais onde há capim, gramíneas e submarinos que afundaram. A preocupação é porque as pessoas estão tendo facilidade de pegá-los, inclusive com a mão", relata a analista ambiental do Ibama, Marlova Intine, coordenadora do Comitê de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais (Copaem), que estuda desastres ambientais.
Os peixes são vistos mortos na areia da praia e também vivos, moribundos, se debatendo antes de morrer. Embora não comercializem, alguns pescadores relataram que estariam consumindo os peixes encontrados, o que não é recomendável segundo a especialista. "Não sabemos se o que matou o peixe vai ou não fazer mal para o ser humano. É difícil dizer a causa da morte. Normalmente é uma conjunção de fatores", contou Marlova Intine.
Esse tipo de animal come algas e animais invertebrados, como os moluscos e pequenos crustáceos. Questionada se houve contaminação por causa dos esgotos correndo para a praia, que serviria como alimento para algumas espécies de algas, a analista ambiental não acredita nessa possibilidade. "Pela distribuição da mortandade, entre Ponta Negra e Touros, dificilmente esgotos em Ponta Negra, por exemplo, seriam responsáveis pela morte de peixes no litoral Norte, e não há nenhum vazamento ou desastre próximo que justifique essa mortandade", destacou. "Podemos fazer um diagnóstico com várias possibilidades, inclusive a interação entre vários fatores naturais, e outros de influência humana. Pode ter a ver com as microalgas tóxicas, com a chegada de nutrientes no mar e também com o aumento da temperatura natural da água do mar".
Média de 50 a cada cinco quilômetros
Não há um censo de peixes mortos, mas o Ibama acredita numa média de 50 em faixas de cinco quilômetros de praia. O trecho onde foram encontrados mais peixes foi numa faixa de cinco quilômetros na praia de Graçandu (Ceará-Mirim), onde existiam cerca de 80 animais. Em Ponta Negra, por causa da limpeza urbana, não é possível quantificar o total de peixes encontrados mortos a título de estatísticas. Na vizinha Via Costeira, entre 40 e 50 "indivíduos" foram encontrados mortos numa faixa de dois quilômetros próximo ao calçadão.
O caso está sendo investigado pelo Ibama, junto com profissionais do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN e a ONG Oceânica. "Também enviamos amostras a um laboratório em Santa Catarina, e estamos investigando fitotoxinas em microalgas coletadas nos plânctons, e a ecotoxidade, as microalgas tóxicas e faremos análise de parasitas. Possivelmente o estudo será feito com ajuda da Universidade Federal Rural do Semiárido(Ufersa)", destacou a pesquisadora.
Entre 15 e 20 dias deve ser emitido um laudo preliminar com essas primeiras análises. Um laudo final conclusivo deve demorar. O Ibama descobriu a mortandade através de denúncias feitas por turistas, moradores e pescadores desde o dia 16 de janeiro. Eles relataram, inclusive, que já eram ocorrências recorrentes antes mesmo dessa data. Quem tiver novas denúncias pode procurar o Ibama, através do telefone: (84) 3201-4230 (ramal 2002).
Outro caso
A mortandade nas salemas brancas verificada essa semana não é a primeira. Recentemente, em março de 2010, centenas de moréias foram encontradas no litoral Norte. Na época, o Copaem chegou a encontrar mais de 250 animais numa extensão de um quilômetro. Vários fatores foram apontados como causa daquela mortandade. O mais preponderante deles foi a elevação na temperatura da água do mar.
Fonte: DN
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