Situado entre o Rio Potengi e Oceano Atlântico, o bairro de Santos Reis, que celebra hoje mais uma festa dedicada aos três Reis Magos, uma tradição que remonta ao século 16, não tem muito o que comemorar, afora o apelo religioso. Antes cortejado pelos natalenses por ser um bairro pequeno, limpo, organizado e pacato, hoje quem mora no local vive a falta de atenção do poder público que não consegue resolver os principais problemas da comunidade. O resultado é visível no abandono às praças, quadras de esporte esburacadas e sem iluminação, limpeza pública e transportes urbanos deficientes e a violência que vem, principalmente, de duas favelas que compõem o cenário do bairro: Maruim e Vietnã.
Nesse cenário nem mesmo a festa de Santos Reis escapa. Numa rápida visita ao bairro, a reportagem constatou o que dificilmente se vê no calor das comemorações religiosas e profanas. A distribuição das barracas pelas ruas do bairro revela um problema que chega a ser histórico: a falta de padronização e desorganização que transformam as ruas do bairro em verdadeiros corredores e becos, dificultando a mobilidade das pessoas e aumentando os riscos de acidentes e tumultos. Elas são de todos os tamanhos, algumas bem conservadas, mas a maioria em péssimo estado.
As barracas tomam quase todas as ruas do entorno da igreja, da praça e da quadra, prejudicando o aspecto visual do bairro, cujas ruas durante o dia, sem a iluminação da festa, assemelha-se mais a uma favela. Nem mesmo a fachada da igreja fica ilesa dos barraqueiros. Pelo menos três barracas foram instaladas na calçada, dificultando a visão do templo e mais outros três traillers estão afixados em frente às estátuas dos Reis Gaspar, Baltazar e Belchior. Ou seja, a visualização da igreja e dos monumentos ficou prejudicada.
Falta de sintonia
Segundo dados fornecidos pela igreja, cerca de 100 barraqueiros foram cadastrados e instalados no local da festa, este ano, recebendo toda orientação sobre o problema de espaço do bairro. Mas o pároco Ednaldo Virgílio da Cruz reconhece que a festa ainda carece de muita organização. "Infelizmente, o problema da falta de padronização das barracas é antigo. Só estou aqui há dois anos e ainda não pudemos dar uma solução para isso", disse ele.
O cadastramento dos barraqueiros ficou por conta da igreja, mas os líderes comunitários discordam. Para o padre, a festa é da igreja e cabe a ela a responsabilidade de administrar os diversos aspectos de organização. Mas a líder comunitária Margareth Lopes acredita que se houvesse um melhor entendimento da igreja com as lideranças comunitárias, muitos problemas seriam resolvidos com mais facilidade. Ela critica a diminuição dos dias de festa que deixou de ser novenária para ser comemorada em seis dias, cita a falta de banheiros químicos, a limpeza após as noites de festa que foi prejudicada pela greve dos garis da Urbana. Já o padre Ednaldo discorda dizendo que a diminuição dos dias é justamente para valorizar mais os festejos e não emendar com a festado Natal.
Procissão arrasta multidão
Anualmente, a festa reúne cerca de 15 mil pessoas em torno de uma programação de cinco dias com missas, novenas, procissão, apresentação de grupos folclóricos, shows com bandas locais, além de barracas com bebidas e comidas típicas. A festa tem o ápice na procissão que arrasta uma verdadeira multidão pelas ruas das Rocas e Santos Reis. Celebrada no período de 2 a 6 de janeiro, a festa dos Santos Reis marca a visita desses três personagens ao Menino Jesus, nascido em Belém para a salvação da humanidade", comenta César Luiz, vigário paroquial da Sagrada Família, paróquia a qual pertence o Santuário dos Santos Reis. No período festivo, houve programação religiosa, e uma caminhada penitencial com missa na Fortaleza dos Reis Magos, além da celebração do tríduo.
Fonte: DN
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