O índice de 50% de veículos recuperados no Rio Grande do Norte é considerada uma média razoável, mas o ideal é que esse percentual ultrapassasse a casa dos 80%. A avaliação é do delegado regional de Mossoró, Claiton Pinho, que já passou por três delegacias que investigam furtos e roubos, sendo duas no Rio Grande do Norte e uma outra no Ceará.
Para o delegado, esse número de veículos recuperados que tem se mantido ao longo dos últimos anos no RN poderia ser bem maior se houvesse melhor qualificação dos profissionais que atuam na fiscalização.
Na Polícia Civil, por exemplo, ele afirma que existem apenas três policiais em todo o Rio Grande do Norte capazes de identificar a adulteração de um veículo facilmente. São dois policiais lotados na Delegacia Especializada na Defesa e na Propriedade do Veículo (DEPROV), sediada em Natal, e mais um na Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (DEFUR), em Mossoró.
Ele defende que seja feito um processo de qualificação profissional na Polícia Civil e também nas outras entidades fiscalizadores que atuam diretamente neste tipo de situação, como os departamentos estadual e municipal de trânsito.
"É uma média considerada boa, mas se tivéssemos uma investigação mais detalhada poderíamos aumentar esse índice de recuperação", frisa.
Claiton ressalta que em Natal e região metropolitana o índice de recuperação é ainda maior do que no interior porque há maior rigor na fiscalização, principalmente nas sucatas, onde são recuperadas peças dos veículos subtraídos.
Apesar das deficiências em todos os órgãos fiscalizadores, Claiton cita avanços nesse campo alcançados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que investiu na qualificação dos seus policiais e vem apresentando um bom resultado.
"Hoje, o policial rodoviário federal tem maior preparo para identificar um carro adulterado. Ele não olha mais só para a placa e o documento. Ele consegue identificar as características de uma adulteração. Quando o cara entende mesmo, ele percebe isso logo de cara", diz.
Casos de furto são mais difíceis de serem desvendados
Investigar o furto de um veículo é bem mais difícil do que investigar um assalto. A avaliação é do delegado Claiton Pinho, que trabalhou seis anos na Delegacia de Furtos de Veículos de Fortaleza (CE), como agente, quatro na Defur de Mossoró e mais um na Deprov de Natal, como delegado nessas duas últimas. Ele considera o furto bem mais complicado.
Claiton explica que o furto tem um procedimento diferente do assalto. Os alvos de furto são geralmente veículos mais velhos para serem desmanchados. Um Fiat Uno pode ser todo e desmontado em vinte minutos. "Eles conseguem tirar peça por peça com uma rapidez impressionante e isso dificulta na hora de fazermos um rastreamento dessas peças", explica Claiton.
"O carro tomado de assalto geralmente é aquele veículo que é tomado por encomenda. Já há a encomenda pela cor, pelo modelo. O furto é ocasional. É o tipo de carro que é buscado pela facilidade. São procurados aqueles menos modernos, que há uma facilidade muito grande de venda das peças, como D-20, F-4000... São furtados e desmanchados. É diferente dos carros tomados de assalto que sofrem todo um processo de adulteração para voltar ao mercado", esclarece o delegado civil.
Ele esclarece que 95% das peças de um carro não têm nenhum tipo de identificação, como o vidro, que possui um número específico, como se fosse uma identidade. Cada vidro tem um número único.
"As peças desaparecem e 95% não tem identificação. Uns 30 ou 40 itens têm a identificação que podem nos levar ao carro original. As outras não temos como identificar", diz.
Fonte: Defato
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