No mês de janeiro de 2011, açudes de pequeno porte se romperam na região de Santa Cruz, desaguando no Açude Guarita (4,5milhões de metros cúbicos de água), na cidade de Tangará. O sangradouro não suportou e a água lavou a parede do açude, ameaçando rompimento e inundação de pequenas três cidades e centenas de pequenas comunidades.
Na região de Florânia, um açude de pequeno porte se rompeu e destruiu a BR 226. Em Campo Grande, dois açudes particulares se romperam e destruiu a BR 110, de acesso à cidade. Em 2009, o açude de Riacho da Cruz se rompeu, destruindo a RN que liga a cidade ao município de Itaú. Registros como estes estão cada vez mais frequentes, relevando um quadro preocupante.
Ontem, o secretário Gilberto Jales, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), informou que o Governo do estado contratou uma empresa para fazer levantamento da estrutura das paredes dos açudes públicos do Rio Grande do Norte, objetivando futuramente confecção de projetos e busca por recursos federais para recuperá-los. Quanto aos açudes particulares, Gilberto Jales disse que o Poder Público não pode investir para recuperá-los.
A SEMARH não tem o número fechado de quantos açudes de particulares de pequeno porte existem no território do Rio Grande do Norte. Estima-se 2 mil. O Governo Federal tem o controle, através do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), de 19 açudes, destacando-se as barragens Armando Ribeiro Gonçalves, Açude Marechal Dutra (Gargalheiras), em Acari, entre outros. Estes açudes passaram por manutenção há poucos anos.
O secretário Gilberto Jales destacou que o Governo do Estado está fazendo uma licitação internacional para comprar equipamentos modernos para monitorar todos os açudes, barragens e lagoas do Rio Grande do Norte. Este monitoramento ajudaria o Governo do Estado a se antecipar em ações preventivas num possível rompimento, assim como trabalhando a questão do controle hídrico no RN para fins de abastecimento e também de irrigação.
Gilberto Jales lembra que o proprietário de açudes de pequenos portes que precisar de ajuda, numa situação de alto risco de rompimento, deve comunicar esta situação imediatamente à Comissão Municipal de Defesa Civil. Geralmente, nestes casos, a Prefeitura Municipal de Defesa Civil destina uma equipe para uma monitoração e, em seguida, comunica o Governo do Estado.
Grandes reservatórios estão com mais de 70%
Os principais açudes de água doce do Rio Grande do Norte estão com mais de 70% de sua capacidade de armazenamento de água, chegando a 80%. É o que consta no monitoramente da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH). Segundo o secretário Gilberto Jales, existe uma equipe monitorando o nível volumétrico destes anos.
Para o meteorologista Gilmar Bristot, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMPARN), o volume de chuvas previsto pelo órgão para o Rio Grande do Norte em 2012 é acima da média. Com esta informação e o atual nível dos açudes, o secretário Gilberto Jales disse que a expectativa é de que os principais reservatórios do Rio Grande Norte transbordem.
Esta possibilidade levanta duas questões. Primeiro em relação à garantia pelo abastecimento das cidades, em especial a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, que tem capacidade para armazenar até 2,4 bilhões de metros cúbicos de água e abastece mais de 600 mil habitantes de 40 cidades da região Oeste, Central e a cidade de Mossoró.
A segunda questão é com relação aos açudes do Pataxó, Armando Ribeiro Gonçalves e a Barragem de Santa Cruz. A sangria destas cidades ameaça a população das regiões de várzea das cidades de Apodi, Assú, Carnaubais, Porto do Mangue, Pendências, Alto do Rodrigues e, principalmente, Ipanguaçu. Esta última foi inundada em 2004, 2008, 2009 e 2011.
Neste caso, o secretário Gilberto Jales disse que o trabalho de monitoramento é acompanhado pelas equipes de Defesa Civil dos municípios e também do Governo do Estado, num trabalho de orientação de como reagir numa possível inundação. Neste quesito, Gilberto Jales destaca a atuação, se necessário, do Corpo de Bombeiros.
Fonte: Defato
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