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terça-feira, dezembro 13, 2011

Jovens decidem confessar assassinato

Os dois jovens que foram presos na semana passada sob suspeita de envolvimento com a morte do empresário Genildo Figueiredo de Sá, assassinado no dia 5 deste mês, confessaram suas participações durante o fim de semana. Thiago Alexandre Rodrigues, 18, confirmou que atirou, enquanto Fernando Pereira de Melo, 22, disse que pilotou a motocicleta. Eles alegaram uma rixa com a vítima, negando que pretendiam assaltá-lo. A Polícia agora aguarda exames periciais para confirmar suas suspeitas.
O delegado Roberto Moura, responsável pela investigação, convocou ontem a imprensa para falar sobre o crime. Segundo o delgado, a dupla disse em depoimento que o revólver calibre 38 foi realmente utilizado no assassinato. Thiago e Fernando foram presos no dia 8, juntamente com duas namoradas. A arma apreendida em poder dos dois está no Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) de Natal para ser submetida a exames, o que deverá confirmar através do exame de comparação balística (analisa as marcas da bala encontrada no corpo com as marcas da bala da arma sob suspeita).
Segundo Roberto, não restam mais dúvidas quanto aos autores do crime. Ele diz que os depoimentos das testemunhas, aliados à nova versão apresentada pelos suspeitos, são importantes provas quanto ao envolvimento da dupla. "Eles resolveram confessar depois que viram o cerco se fechando. Quando viram que não tinham mais como se livrar, resolveram confessar. Eles contaram tudo com riqueza de detalhes. Eles falaram coisas que só poderiam ser ditas por quem realmente sabia", explica o delegado, enfatizando que um promotor de Justiça e um advogado acompanharam esses depoimentos. 
A única dúvida, segundo Roberto Moura, é o que teria realmente motivado o crime. Thiago contou em seu depoimento que tinha uma rixa com a vítima. O empresário teria comentado, dias antes, que Thiago pretendia lhe assaltar ou até mesmo sequestrar. Os comentários irritaram o jovem, que já havia tido problemas judiciais enquanto adolescente. Já Fernando afirmou que pilotou a motocicleta, mas negou saber qual era a intenção do colega. As versões da dupla foram aceitas até o ponto da motivação, que não "agradou". Essa tal rixa está sendo questionada pelos investigadores do caso.
"Não tem o menor cabimento essa justificativa. Onde já se viu um empresário ter rixa com uma pessoa suspeita de vários assaltos? Isso não tem a menor lógica", destacou Roberto, acrescentando que a primeira fase da investigação, que apontou os autores do crime, foi concluída. Agora ele diz que irá concentrar seus esforços para esclarecer o real motivo do crime. A princípio, Roberto Moura descarta que a dupla pretendesse praticar um assalto, caracterizando o crime de latrocínio. Ele acredita que a dupla pretendia realmente matar o empresário, com base nas provas colhidas pelos policiais.

Delegados divergem sobre o tipo de crime
O delegado Roberto Moura disse ontem durante a entrevista coletiva que não acredita em um latrocínio, que é quando se mata para roubar. Ele justifica tal afirmação com base nas provas colhidas pela investigação, indo de encontro ao que havia sido dito na semana passada pelo delegado Odilon Teodósio, da Divisão de Polícia do Oeste (DIVIPOE). Odilon coordenou a operação que resultou na prisão dos suspeitos e afirmou que a dupla pretendia assaltar o empresário, que acabou sendo morto com tiros.
A operação que resultou na prisão dos dois suspeitos, juntamente com suas namoradas, foi feita por agentes da Divipoe, II Delegacia Regional de Polícia Civil e Delegacia Especializada em Furtos e Roubos.
Logo após a prisão, Odilon Teodósio afirmou categoricamente ao DE FATO que tratava-se de um latrocínio, descartando o homicídio, que é um crime considerado mais simples pela legislação brasileira.
O delegado chegou a dizer que o assalto havia sido planejado por Thiago, que conhecia a vítima e morava próximo à sua residência. Genildo era dono de uma empresa do ramo salineiro e estava em um carro de luxo quando foi abordado.
A divergência entre os dois delegados deverá ser resolvida no término da investigação. Os dois defendem hoje versões diferentes para o tipo de crime.

Homicídio é menos grave que latrocínio
A diferença entre um latrocínio e um homicídio está na punição que cada um desses crimes acarretará. No primeiro, o Código Penal Brasileiro (CPB) prevê uma pena que varia entre 20 e 30 anos, dependendo da situação e para o homicídio a pena é de 6 a 20.
De acordo com as normas judiciais brasileiras, o crime de latrocínio caracteriza-se quando o assalto resulta na morte da vítima. Para efetuar o crime, o bandido recorre à violência física, seja espancando, atirando ou qualquer outro meio.
A pena máxima, que é de 30 anos, coloca o latrocínio como um dos crimes mais graves conforme a legislação atual.
Já o crime de homicídio tem a pena menor, mas pode ser alterada dependendo das circunstâncias do seu ocorrido.
Há uma diferença entre homicídio simples e homicídio qualificado. O segundo ocorre quando, por exemplo, uma pessoa é assassinada pelas costas, dormindo, sem chance de defesa etc. São circunstâncias que podem refletir diretamente na pena que será dada ao réu.
Quando esse homicídio é praticado em sua forma qualificada, ou quando típico da ação de grupos de extermínio, é considerado como hediondo, inserindo-se no mesmo rol em que se encontram o estupro, o latrocínio, a extorsão mediante sequestro, e outros crimes.
Em alguns casos, os suspeitos preferem criar um determinado motivo para fugir da acusação de latrocínio e ser condenado pelo homicídio, cuja pena deverá ser mais branda.

Fonte: Defato

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