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segunda-feira, novembro 28, 2011

Réus acusados na participação em chacina envolvendo prefeito de Caraúbas vão a Júri


Dois réus que repercutiram nacionalmente por suas participações no envolvimento na chacina que vitimou o então prefeito de Caraúbas, Aguinaldo Pereira da Silva, sua mulher Antônia Gurgel da Nóbrega Pereira, e outros três seguranças irão ao banco dos réus no próximo dia 30, na quarta-feira.

O motorista Francisco Sales Fernandes, "Negão da Serra", e José Maria Roque da Silva serão julgados pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri Popular. O julgamento acontece quase dez anos após os homicídios. 

Na época, também foram mortos os policiais militares Ronaldo Rafael da Silva e Cláudio Pereira do Nascimento, que faziam a segurança do prefeito, e o caseiro do casal Everlânio da Silva.

O julgamento está previsto para iniciar às 9h, no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, em Mossoró. "Negão da Serra" é um dos poucos acusados do crime que continua vivo. Atualmente, ele cumpre pena no Presídio Aníbal Bruno, em Recife (PE). Para a vinda de "Negão da Serra" até Mossoró, a Polícia Militar está preparando uma estratégia especial de segurança entorno do Fórum.  

Relembrando - O crime ocorreu no dia 7 de novembro de 2001, quando as vítimas viajavam de Caraúbas com destino a Mossoró. Já próximos da chegada, no Km 13 da RN 117, o Santana branco pertencente ao prefeito foi interceptado por uma camioneta Ranger, com seis homens fortemente armados, que abriram fogo contra o veículo das vítimas. 

O policial Cláudio Pereira, que dirigia o carro, foi o primeiro a ser atingido. Ele perdeu o controle do carro e capotou várias vezes. Os bandidos, liderados por José Valdetário Benevides Carneiro, fuzilaram o veículo, matando os ocupantes.

As investigações policiais apontaram que, além de Valdetário, participaram da ação Francimar Fernandes Carneiro, o "Cimar Carneiro", Francisco Clécio do Nascimento, Emerson Carmona, José Maria Roque da Silva, e seu comparsa "Negão da Serra". 

Valdetário e Cimar Carneiro teriam ficado dentro do veículo, enquanto Clécio, Emerson Carmona e Negão da Serra executavam as vítimas. As mortes resultaram de uma rixa antiga entre as famílias Carneiro e Simeão (à qual pertencia Aguinaldo Pereira). Um irmão do prefeito já havia sido assassinado pela quadrilha de Valdetário. Em abril de 2006, outro irmão de Aguinaldo, Elinaldo Simeão, foi executado. A mulher de Valdetário, Aguinalda Fernandes Benevides, "Neta", foi condenada pela autoria intelectual da morte de Elinaldo.

Réu confesso - "Negão da Serra" foi preso na praia de Búzios, em Natal, semanas depois da chacina. Em depoimento aos delegados que investigaram o caso, "Negão da Serra" confessou a participação no crime e deu detalhes de como tudo aconteceu. De acordo com ele, os bandidos ficaram aguardando a passagem do veículo do prefeito em um trecho à margem da RN 117.

Um informante da quadrilha avisou ao grupo o momento em que Aguinaldo Pereira saiu de Caraúbas, onde havia participado de uma solenidade da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN). O prefeito decidiu voltar a Mossoró para assistir a um jogo da Seleção Brasileira de Futebol.

Quando o carro com as vítimas passou no trecho, os bandidos seguiram o veículo e no Km 13 emparelharam com o Santana e começaram a execução do crime.

Mortos - No decorrer do andamento do processo sobre a chacina, parte dos acusados foi assassinada em confronto com as polícias do Rio Grande do Norte e de outros Estados. "Negão da Serra" é o único a ser julgado pelo caso que chocou o Rio Grande do Norte. No caso de Francisco Célio, o processo tramita separadamente. Valdetário e Francimar Carneiro, assim como Emerson Carmona, estão mortos.

Valdetário foi apontado como o autor intelectual do crime e participante da execução, mesmo não tendo efetuado nenhum tiro, conforme confissão feita por Negão da Serra.

A morte do prefeito Aguinaldo Pereira aconteceu menos de dois meses depois da morte de Luiz Benevides Carneiro, "Doutor Carneiro", chefe maior da família Benevides Carneiro. "Doutor" morreu vítima de um infarto, após policiais soltarem bombas de efeito moral dentro da cela onde ele estava preso, na Casa de Custódia em Teresina (PI).

Em 1999, a quadrilha liderada por Valdetário Carneiro já havia matado o médico João Pereira, irmão do prefeito Aguinaldo Pereira, de Caraúbas. O médico estava na calçada da casa de uma enfermeira em Caraúbas, quando foi surpreendido pela quadrilha, que o perseguiu pela casa e o fuzilou. A enfermeira foi alvejada com um tiro e também morreu. No início deste mês, Agnaldo Benevides Carneiro, "Galeguinho", foi absolvido pelo júri popular, durante julgamento desse caso.

Fonte: Sentinelas do Apodi

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