"Eu só não posso parar pra dar entrevista pra ele, é questão de contrato. Eu ouvi falar que ele não vai fazer mais?! 'Carioca'(humorista do "Pânico na TV) faz, eu adoro o Jô Suado!", declarou o apresentador Jô Soares no programa "Roda Viva" de ontem à noite (TV Cultura).
O atual apresentador do programa é o jornalista Mario Sergio Conti, diretor da Revista Piauí. Ele entrou recentemente no lugar de Marília Gabriela, desde que o SBT resolveu exigir-lhe exclusividade na TV aberta. E Conti foi logo anunciando: "Ele é um artista espaçoso", dando início aos números extraordinários que formam o currículo de Jô Soares.
Com mais de cinquenta anos de profissão, o humorista marcou o seu início na televisão em 1967, fazendo o 'mordomo' da série "A Família Trapo" (de onde surgiu o modelo da atual "A Grande Família"). Em 1970 foi para a Rede Globo e em 1988 foi para o SBT, onde teve a oportunidade de dar início ao 'talk-show' "Jô Onze e Meia". Em 2000 voltou para a Rede Globo e, desde então, continua com as suas entrevistas no "Programa do Jô".
Formaram a 'roda', Manuel da Costa Pinto, editor do "Entrelinhas" (TV Cultura); Cristina Padiglione, colunista de O Estado de São Paulo; Keila Jimenez, colunista de TV da Folha de São Paulo; Daniela Pinheiro, da Revista Piauí; Josélia Aguiar, colunista da Folha e blogueira; e Lígia Cortez, atriz e diretora de teatro. O cartunista Paulo Caruso acompanhou a entrevista desenhando as suas 'expressivas caricaturas' costumeiras.
"O segredo da longevidade do 'talk-show' é não deixar cair numa rotina", afirmou Jô Soares, ao ser questionado sobre um eventual prazo de validade para o seu estilo de programa. "Cada convidado é um universo novo. Depois, é como um jornal, que existe há séculos, mas sempre tem notícia nova".
Mario Sergio Conti alertou o comediante sobre uma pergunta do internauta Marcos: Por que você tem fama de que fala mais do que o entrevistado? Jô fez um rápido esgar com a boca. Cinco segundos de 'saia justa'. E logo veio a resposta bem trabalhada: "pode ser que eu tenha criado essa fama em algum momento em que eu tenha interferido com o meu pensamento antes do entrevistado terminar o dele. Mas isso não acontece mais, há muito tempo". Ninguém ousou dar a réplica.
Um convidado que o emocionou em particular? "O Prestes! (Luís Carlos Prestes - Secretário Geral do Partido Comunista Brasileiro). Eu já comecei chamando ele de 'você'. De início ele estranhou um pouco, mas logo foi ficando tão à vontade que acabou confessando pela primeira vez em público: "a Olga (sua companheira de luta Olga Benário, morta na Alemanha, na câmara de gás, pelos nazistas) foi a grande paixão da minha vida".
Dani Calabresa (MTV) também aparece em vídeo para perguntar o que faz o humorista rir. "Você, Dani...e aquele cara que você sustenta...como é o nome dele - (Marcelo) Adnet, parece! O Bruno Mazzeo e aquele Eduardo...sempre esqueço o sobrenome dele... Sterblitch (César Polvilho), isso! Vocês são da minha geração!"
Como preservou o tempo todo a sua intimidade? "Pela minha maneira de viver, eu saio muito pouco e preservo a minha vida particular. Tenho um filho de quarenta e poucos anos, autista, que é vidrado em rádio. È mais ou menos o personagem que o Dustin Hoffman fez no filme "Rain Man". Às vezes ele quer escutar música tão alto que precisamos pedir: Rafael, baixa isso um pouco!"
Mulher na presidência? "Eu tenho sentido um crescimento de empenho. Mas às vezes acho que ela é mal assessorada. A minha equipe, no programa, é de maioria feminina. Acho que as mulheres são mais dedicadas".
TOC? "Eu não tenho TOC. Tenho uma ou duas manias...a de desentortar quadros nas paredes e, se esbarrar em alguém de um lado, tenho que esbarrar do outro!"
Patrícia Cruz/Folhapress | |
O apresentador Jô Soares |
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