O verão se aproxima e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) ainda estuda uma forma de solucionar os problemas no Cajueiro de Pirangi, o maior do mundo, segundo o Guiness Book. Ontem houve uma reunião técnica para tratar de soluções para a árvore gigante, que já cobre uma área de aproximadamente 7.500 metros quadrados e tem um perímetro de aproximadamente 500 metros. Durante o veraneio, o cajueiro - que não para de crescer - dificulta o tráfego de veículos na região de Pirangi do Norte, destino de natalenses e turistas. Os congestionamentos são frequentes e se repetem todos os anos.
A ideia do Idema é elaborar um plano de manejo para a área e submetê-lo à aprovação da sociedade, do Ministério Público, comerciantes do local e prefeitura de Parnamirim, município onde fica o cajueiro. Trata-se de uma alternativa de solução. A reunião contou com a presença de técnicos do Idema, o órgão ambiental estadual, do Instituto de AssistênciaTécnica e Extensão Rural do RN (Emater), da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) e da Secretaria Estadual de Turismo (Setur). "Estamos propondo ações por etapas, começando com a parte teórica do plano. Cada etapa será avaliada e monitorada, para seguir à etapa seguinte", afirmou Jamir Fernandes, diretor-técnico do Idema. "Agora vamos elaborar uma matriz de responsabilidades, estabelecendo que órgão deve ser responsável por executar as ações propostas".
Tanto a matriz de responsabilidades quanto o plano de manejo serão avaliados e colocados em prática até o próximo veraneio, garante Jamir Fernandes. "Vai dar tempo sim. Queremos concluir o plano agora em novembro, fazer audiência pública no início de dezembro e executar as primeiras ações em 20 dias, e as demais em 45 dias. De qualquer forma queremos iniciar ainda esse ano, ou no máximo no começo de janeiro. Antes, portanto, do veraneio", detalhou o diretor técnico.
Alternativas
Não será fácil controlar o tráfego de veículos e fluxo de pessoas que frequentam Pirangi do Norte e o entorno do cajueiro sem fazer mudanças drásticas. Jamir explica que as alternativas vão desde a desapropriação de imóveis no entorno do cajueiro até a construção de um túnel para a passagem dos veículos. "Uma opção proposta é a poda de condução, que não é simplesmente aparar uma parte do cajueiro, mas reeducar a árvore para um crescimento direcionado", ressalta. Caso isso seja posto em prática, o cajueiro daria espaço maior para passagem de carros nas avenidas Deputado Márcio Marinho e São Sebastião, além da Rua Dr. Carlos Varela Barca.
O Idema propõe a instalação de escoras para levantar os galhos que estão ocupando a estrada e fazer um suporte, chamado de caramanchão, para que o cajueiro continue crescendo acima dos veículos, em uma espécie de túnel. "Também estamos prevendo a retirada de um Oitizeiro e um outro cajueiro que estão dentro da área do cajueiro e que, juntas, ocupam uma área de aproximadamente 250 metros quadrados", afirmou Jamir.
Enquanto o Governo estuda o que fazer para resolver o problema, o cajueiro parece não se importar sobre o que pensam dele. "A árvore já toma conta da metade da pista, mas eles (autoridades) só se mobilizam quando chega o veraneio. Ai já é tarde demais. O ideal seria apontar uma solução ao longo do ano", sugere Cibele Lima, recepcionista de um restaurante na região do cajueiro, e que mora no distrito local. "O trânsito começa agora. Todo fim de ano e início do ano, os engarrafamentos ficam insuportáveis, especialmente nos finais de semana".
Responsável pela administração da árvore, a Associação dos Moradores de Pirangi do Norte (Amopin) estuda entrar na justiça para impedir a poda da atração turística, uma vez que um grupo de moradores já solicitou juridicamente a poda. "O corte pode matar o cajueiro, coloca a saúde da árvore em risco. A planta está em época de floração. Não pode ser podada no verão", afirma o presidente da entidade, Francisco Cardoso. O caramanchão é uma das propostas alternativas do Idema bem aceitas pela Amopin. "Como a árvore seria colocada num suporte, não tocaria o solo, ou seja, não receberia mais nutrientes, diminuindo a velocidade de seu crescimento".
Saiba mais
O cajueiro foi plantado em 1888 por um pescador, Luiz Inácio de Oliveira. Ele morreu aos 93 anos de idade na sombra da árvore. O crescimento é explicado pela conjunção de duas anomalias genéticas. Primeiro, em vez de crescer para cima, os galhos da árvore crescem para os lados. Com o tempo, por causa do próprio peso, os galhos tendem a se curvar para baixo, até alcançar o solo. Ao tocar o solo, a segunda anomalia. Os galhos começam a criar raízes, e daí passam a crescer novamente, como se fossem troncos de uma outra árvore.
Até pouco tempo, o cajueiro de Pirangi era uma unidade de conservação municipal, sob a responsabilidade da prefeitura de Parnamirim. No entanto, em junho deste ano, a câmara de vereadores do município aprovou uma lei tornando sem efeito a função de área de preservação e passando a competência sobre as decisões envolvendo o cajueiro para o Governo do Estado. O Maior Cajueiro do Mundo é uma das principais atrações turísticas do RN.
Fonte: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!