Páginas

quinta-feira, agosto 20, 2020

Rio Grande do Norte tem 59.138 casos confirmados e 2.133 mortes por Covid-19

 O Rio Grande do Norte chegou nesta quinta-feira (20) a 59.138 casos confirmados de Covid-19 e 2.133 mortes pela doença desde o início da pandemia. Os dados estão no boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). Outros 236 óbitos estão sob investigação.


RN tem 59.138 casos confirmados de Covid-19 — Foto: Pedro Vitorino/Cedida
RN tem 59.138 casos confirmados de Covid-19 — Foto: Pedro Vitorino/Cedida


O estado também tem 23.353 casos suspeitos e outros 103.154 descartados. O número de confirmados recuperados segue em 34.186. Os casos inconclusivos, que agora são tratados como "Síndrome Gripal não especificada", somam 52.929.


Até quarta-feira (19), 58.667 casos confirmados e 2.126 mortes por Covid-19 no estado.


O RN tem hoje 302 pessoas internadas por causa do coronavírus, sendo 240 na rede pública e 48 na rede privada. A taxa de ocupação dos leitos críticos (semi-intensivo e UTIs) é de 56,6% na rede pública e de 15,6% na rede privada.


O boletim da Sesap destaca ainda que 153.910 testes de Covid-19 foram realizados no estado, sendo 73.410 RT-PCR (conhecidos também como Swab) e 80.500 sorológicos.


Números do coronavírus no RN

59.138 casos confirmados

2.133 mortes

34.186 confirmados recuperados

23.353 casos suspeitos

103.154 casos descartados


Fonte: G1

Covid-19: RN tem maior percentual da população com comorbidades no Norte e Nordeste, diz IBGE

O Rio Grande do Norte tem o maior percentual da população com diagnóstico médico de alguma comorbidade, entre os estados do Norte e Nordeste. Ao todo, 23% dos potiguares apresentam doenças como diabetes, hipertensão, entre outras cardíacas, que podem agravar o quadro de coronavírus. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, divulgada nesta quinta-feira (20) pelo IBGE.


Insulina usada por pessoas com diabetes. A doença uma das consideradas comorbidades — Foto: Reprodução
Insulina usada por pessoas com diabetes. A doença uma das consideradas comorbidades — Foto: Reprodução


O instituto lembrou que as comorbidades podem tornar mais delicado o o quadro de paciente de pacientes com Covid-19, e, por isso, a questão foi incluída na pesquisa em julho. Considerados todos os estados do Brasil, os maiores percentuais de população com comorbidade são o Rio Grande do Sul (28,4%), Minas Gerais (27,4%) e Paraná (25,5%).


De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, divulgados no boletim epidemiológico desta quarta-feira (19), cerca de 19% dos pacientes confirmados para Covid-19 tiveram alguma comorbidade relatada. Apesar de ser uma minoria no total, eles são a maioria na quantidade de mortes: 67%. Ao todo, 1.425 pessoas que morreram com a doença no estado tinham alguma comorbidade ou fatores de risco.


O levantamento também apresenta temas como testagem da população, estudantes com atividades durante o período de isolamento e pessoas em busca de trabalho.


Testagem

Ainda de acordo com o levantamento do IBGE, o teste para verificar a infecção pelo novo Coronavírus foi realizado por 269 mil pessoas no RN, o que representa 7,6% da população. Desse total, 25 mil tinham alguma comorbidade e testaram positivo.


Estudantes com atividades

De cada dez estudantes potiguares, seis tiveram alguma atividade escolar em julho. De acordo com a pesquisa, 827 mil pessoas frequentam o ensino fundamental, médio ou superior no Rio Grande do Norte. Desse total, 508 mil tiveram alguma atividade de ensino. No Nordeste, 67% dos estudantes tiveram alguma atividade no mesmo período, enquanto que no Brasil, foram 72%.


Desocupados

A taxa de desocupação é a maior desde o início da pesquisa em maio: 14,7%. Isso significa que havia 200 mil pessoas em busca de trabalho formal ou informal no Rio Grande do Norte, no mês de julho. Outro grupo que se destaca são as “pessoas que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade, mas que gostariam de trabalhar”. São 433 mil potiguares.


Os dois grupos somados totalizam 633 mil pessoas subutilizadas em julho. O número caiu um pouco. Em junho, esse número era de 639 mil.


Afastados

Já o número de trabalhadores afastados do trabalho sem remuneração caiu 56% em julho na comparação com mês anterior. Em junho, 127 mil pessoas estavam nessa condição. Em julho, 56 mil trabalhadores permaneciam afastados e sem salário no Rio Grande do Norte.


No total, o estado registrou 195 mil pessoas afastadas do trabalho em julho. Dessas pessoas, 140 mil estavam ainda afastadas em função do distanciamento social. No mês anterior, esse número era de 232 mil. Isso significa que houve uma queda de 48,5% de junho para julho.


Fonte: G1

Após morte de PM com suspeita de Covid-19, associações cobram medidas preventivas em curso de formação no RN

Depois que um aluno do curso de formação de sargentos da Polícia Militar do Rio Grande do Norte morreu, nessa quarta-feira (19), com suspeitas de Covid-19, entidades que representam policiais cobraram medidas de segurança nas avaliações presenciais.


Curso de formação para sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Norte — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Curso de formação para sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Norte — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi


O cabo Samuel Victorino de Lima, de 45 anos, passou mal durante uma instrução de educação física, na sexta-feira passada, e foi direto para um hospital particular de Natal. Com o pulmão comprometido, ele não resistiu.


De acordo com as associações, o curso reúne 840 alunos. As estidades se dizem preocupadas com o contágio do novo coronavírus entre esses policiais que estão se capacitando para serem promovidos.


“Não somos contra a suspensão do curso, mas já que foi decidido que teriam avaliações presenciais é preciso que sejam tomadas medidas de segurança. Tem que testar os alunos e garantir o distanciamento entre eles nas atividades”, disse o sargento Marcos Sousa, presidente da Associação de Praças da PM e do Corpo de Bombeiros no Seridó.


O cabo Victorino entrou na PM em 2004 e foi promovido a cabo em 2016. Atualmente era cerimonialista e trabalhava na comunicação da corporação.


Em nota, a Polícia Militar destacou que o cabo tinha a "voz grave da polícia militar”, marcante nas locuções e solenidades oficiais. O comunicado também destacou que o policial deixou esposa e dois filhos.


Sobre a cobrança das associações por medidas de segurança contra o novo coronavírus no curso de formação, a PM informou que a resposta deve vir do comandante geral, o coronel Alarico Azevedo, que viajou nesta quinta para o interior. Ele acompanhará a visita do presidente da República a Mossoró, marcada para esta sexta (21).


Fonte: G1

Pacientes de tratamentos psiquiátricos denunciam falta de remédio na rede pública do RN

Pacientes de tratamentos psiquiátricos denunciam a falta de pelo menos dois medicamentos no Hospital João Machado, em Natal. Os medicamentos Olanzapina e Ziprasidona são usados no tratamento da esquizofrenia.


Pacientes de tratamentos psiquiátricos denunciam falta de remédio na rede pública do RN — Foto: Geraldo Jerônimo/Inter TV Cabugi
Pacientes de tratamentos psiquiátricos denunciam falta de remédio na rede pública do RN — Foto: Geraldo Jerônimo/Inter TV Cabugi


A direção da Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) informou por meio de nota que os medicamentos Olanzapina (5mg e 10mg) e Ziprasidona (80mg) são enviados pelo Ministério da Saúde, que está com dificuldade para adquiri-los. A Unicat informou ainda que não há previsão para regularizar essa reposição. "Porém, assim que receber os medicamentos, a Unicat fará o abastecimento", diz a nota.


Parentes de pacientes que dependem dos medicamentos que estão em falta dizem que já estão há dois meses sem receber a medicação. É o caso do filho de Maria da Conceição da Silva que sofre de esquizofrenia e teve que interromper o tratamento por não ter condições de comprar a medicação que chega a custar até R$ 800 uma caixa. “Meu filho está muito agitado por falta do remédio, gostaria muito da resposta do governo não para amanhã, mas para hoje”, pediu Conceição.


A tia de Dalria também é esquizofrênica e está há mais de um mês sem receber a Olanzapina para o tratamento médico. “Já fui duas vezes essa semana no João Machado e a resposta que me dão é que não tem previsão. Sou de Canguaretama e vou a Natal dar viagem perdida”, reclamou.


De acordo com Thiago Vieira, diretor técnico da Unicat, o problema não é apenas do Rio Grande do Norte. Com a pandemia do Coronavírus, o Ministério da Saúde está com dificuldades para aquisição de alguns medicamentos como os que estão em falta. “Alguns fabricantes que fornecem esses medicamentos para o Ministério da Saúde deixaram de cumprir com a entrega para vários estados”, explicou


Fonte: G1

Inmet emite alerta para baixa umidade em 69 cidades do RN

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de perigo potencial de baixa umidade para 69 municípios do Rio Grande do Norte. O aviso começa a valer às 12h desta quinta-feira (20) e dura até as 18h da sexta-feira (21).


Novo alerta do Inmet vale para 69 cidades do Rio Grande do Norte — Foto: Inmet/Reprodução
Novo alerta do Inmet vale para 69 cidades do Rio Grande do Norte — Foto: Inmet/Reprodução


Para os moradores das cidades em alerta, o instituto recomenda que bebam bastante líquido, evitem exposição ao sol nas horas mais quentes do dia e desgaste físico nas horas mais secas.


Para mais informações, o Inmet disponibiliza o número da Defesa Civil (telefone 199) e do Corpo de Bombeiros (telefone 193).


Confira cidades com alerta amarelo de perigo potencial de baixa umidade

Acari

Açu

Água Nova

Alexandria

Almino Afonso

Antônio Martins

Apodi

Augusto Severo

Caicó

Caraúbas

Coronel João Pessoa

Cruzeta

Doutor Severiano

Encanto

Equador

Felipe Guerra

Florânia

Francisco Dantas

Frutuoso Gomes

Governador Dix-Sept Rosado

Ipueira

Itaú

Janduís

Jardim De Piranhas

Jardim Do Seridó

João Dias

José Da Penha

Jucurutu

Lucrécia

Luís Gomes

Major Sales

Marcelino Vieira

Martins

Messias Targino

Olho-D'Água Do Borges

Ouro Branco

Paraná

Paraú

Parelhas

Patu

Pau Dos Ferros

Pilões

Portalegre

Rafael Fernandes

Rafael Godeiro

Riacho Da Cruz

Riacho De Santana

Rodolfo Fernandes

Santana Do Matos

Santana Do Seridó

São Fernando

São Francisco Do Oeste

São João Do Sabugi

São José Do Seridó

São Miguel

São Rafael

São Vicente

Serra Negra Do Norte

Serrinha Dos Pintos

Severiano Melo

Taboleiro Grande

Tenente Ananias

Tenente Laurentino Cruz

Timbaúba Dos Batistas

Triunfo Potiguar

Umarizal

Upanema

Venha-Ver

Viçosa


Fonte: G1

Incêndio atinge vegetação lateral da pista de pouso do Aeroporto de Mossoró

Um incêndio foi registrado na tarde de quarta-feira (19), na lateral da pista de pouso do Aeroporto Dix-Sept Rosado, em Mossoró. O incidente aconteceu dois dias antes da visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Rio Grande do Norte, prevista pra essa sexta-feira (21). O avião presidencial deve pousar no Aeroporto de Mossoró por volta das 8h40.


Incêndio no Aeroporto Dix-Sept Rosado em Mossoró — Foto: Cedida
Incêndio no Aeroporto Dix-Sept Rosado em Mossoró — Foto: Cedida


De acordo com o Gestor do aeroporto, Paulo Lamarque, por volta das 14h30 os funcionários perceberam através das câmeras de segurança o fogo numa área de vegetação seca ao lado da pista.


Corpo de Bombeiros controlam chamas no Aeroporto do Mossoró  — Foto: Cedida
Corpo de Bombeiros controlam chamas no Aeroporto do Mossoró — Foto: Cedida


O corpo de Bombeiros, que funciona dentro da área do aeroporto, foi acionado pra conter as chamas. O trabalho da equipe durou cerca de 30 minutos. O vento e a vegetação seca contribuíram pra que as chamas se espalhassem.


“No momento do incêndio havia alguns pilotos que chegavam da equipe da presidência. Eles ficaram apreensivos. Não é possível afirmar as causas do incêndio ainda. Mas, a segurança está sendo reforçada. Vamos ter homens do exército em todo perímetro do aeroporto, pra que na sexta-feira, quando o presidente chegar, nada disso aconteça”, explicou o Gestor que informou ainda que a Polícia Militar esteve no local.


As chamas chegaram a danificar algumas luzes de balizamento, que ficam do lado esquerdo da pista e servem para orientar o piloto na hora do pouso. O dano não deve alterar a programação da chegada da comitiva presidencial, que está prevista para o horário da manhã.


Agenda Presidencial

O presidente Jair Bolsonaro deve chegar a Mossoró por volta das 8h40 desta sexta-feira (21). O primeiro compromisso previsto é a inauguração de um condomínio residencial, financiado pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Bolsonaro fará a entrega simbólica das chaves para seis famílias. Ao todo, serão entregues trezentos apartamentos.


Depois disso, o presidente tem uma visita agendada às 11h30 na comunidade rual Angélica, localizada no município de Ipanguaçu.


Fonte: G1

Lei determina prioridade em testes de Covid-19 para trabalhadores essenciais ao controle da doença no RN

Uma lei publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta (20) determina prioridade na realização de testes de Covid-19 para trabalhadores essenciais ao controle da doença e à manutenção da ordem pública no RN.


Lei determina prioridade em testes de Covid-19 para trabalhadores essenciais ao controle da doença no RN — Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde DF
Lei determina prioridade em testes de Covid-19 para trabalhadores essenciais ao controle da doença no RN — Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde DF


De acordo com a coordenadora do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Kelly Maia, essa prioridade se refere aos 150 mil testes sorológicos comprados pelo governo do RN. "O objetivo é testar os trabalhadores que continuaram atuando durante a pandemia, que ficaram expostos ao vírus, pra saber se eles já tiveram contato com a doença", explicou.


Segundo ela, dos 150 mil testes, 16 mil serão para servidores efetivos, comissionados e terceirizados do estado. O restante será realizado na população me geral, atendendo à prioridade prevista na lei. Os testes estarão disponíveis na rede pública estadual.


Confira a lista de profissionais beneficiados com a lei:

médicos;

enfermeiros;

fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e profissionais envolvidos nos processos de habilitação e reabilitação;

psicólogos;

assistentes sociais;

policiais federais, civis, militares, penais, rodoviários, ferroviários e membros das Forças Armadas;

agentes socioeducativos, agentes de segurança de trânsito e agentes de segurança privada;

brigadistas e bombeiros civis e militares;

vigilantes que trabalham em unidades públicas e privadas de saúde;

assistentes administrativos que atuam no cadastro de pacientes em unidades de saúde;

agentes de fiscalização;

agentes comunitários de saúde;

agentes de combate às endemias;

técnicos e auxiliares de enfermagem;

técnicos, tecnólogos e auxiliares em radiologia e operadores de aparelhos de tomografia computadorizada e de ressonância nuclear magnética;

maqueiros, maqueiros de ambulância e padioleiros;

cuidadores e atendentes de pessoas com deficiência, de pessoas idosas ou de pessoas com doenças raras;

biólogos, biomédicos e técnicos em análises clínicas;

médicos-veterinários;

coveiros, atendentes funerários, motoristas funerários, auxiliares funerários e demais trabalhadores de serviços funerários e de autópsias;

profissionais de limpeza;

profissionais que trabalham na cadeia de produção de alimentos e bebidas, incluindo os insumos;

farmacêuticos, bioquímicos e técnicos em farmácia;

cirurgiões-dentistas, técnicos e auxiliares em saúde bucal;

aeronautas, aeroviários e controladores de voos;

motoristas de ambulância;

guardas municipais;

profissionais dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS);

servidores públicos que trabalham na área da saúde, inclusive em funções administrativas;

outros profissionais que trabalhem ou sejam convocados a trabalhar nas unidades de saúde durante o período de isolamento social ou que tenham contato com pessoas ou com materiais que ofereçam risco de contaminação pelo novo coronavírus.


Fonte: G1

STF forma maioria para impedir Ministério da Justiça de produzir dossiê contra antifascistas

 O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos nesta quinta-feira (20) para determinar ao Ministério da Justiça a suspensão imediata da produção de dossiês sobre a vida pessoal, escolhas pessoais e políticas e práticas cívicas dos cidadãos identificados como integrantes de movimento político antifascista, que faz oposição ao governo Jair Bolsonaro.


A Corte analisa ação da Rede Sustentabilidade, que questiona a produção dos dossiês pelo ministério. (veja mais detalhes sobre o caso abaixo).


O julgamento teve início nesta quarta, com o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, pela suspensão. Até agora, a maioria dos ministros acompanhou a relatora e entendeu que há desvio de finalidade na coleta de informações.


A Advocacia-Geral da União e a Procuradoria Geral da República pediram a rejeição da ação. No voto, Cármen Lúcia rebateu os argumentos e afirmou que a ação se justifica.


“Não é dito: 'não é dossiê, não há relatório'". "A pergunta é simples: existe ou não? Se existe e estiver fora dos limites constitucionais, é lesão a preceito fundamental. Se não existe, bastaria dizer que não existe", afirmou a ministra.


Cármen Lúcia também disse ter recebido do ministro da Justiça, André Mendonça, nota explicativa sobre o relatório e que, nessa nota, ele afirmou que não solicitou qualquer relatório e só teve conhecimento da existência do documento pela imprensa.


“Benza Deus a imprensa livre do meu país, benza Deus que temos ainda Judiciário que tem conhecimento disso e que dá importância devida para a garantia da democracia no sentido de a gente verificar do que se trata, do que é e qual a resposta constitucional a ser dada”, disse a ministra.


Alexandre de Moraes

Primeiro a votar nesta quinta, o ministro Alexandre de Moraes disse que a existência desse tipo de material não foi posta em dúvida em nenhum momento e que relatórios de inteligência não podem ser feitos com objetivo de "bisbilhotar" preferências ideológicas de servidores.


“Uma coisa é relatórios para se verificar eventuais manifestações que possam interromper, como houve com a greve dos caminhoneiros, o abastecimento. São fatos. Outra coisa é começar a planilhar estado por estado, policiais militares, civis que são lideranças eventualmente contra o governo, contra manifestações realizadas a favor do governo. Qual interesse disso?”


O ministro também disse que o suposto dossiê, a que os membros da Corte tiveram acesso, contém informações “extremamente precárias” para um sistema de inteligência que “devia ser muito melhor”, e a maior parte é tirada de redes sociais.


Segundo Moraes, os sistemas de inteligência “deveriam ser mais inteligentes” e oferecer informações “oportunas e confiáveis”. Moraes argumentou, no entanto, que os órgãos não podem atuar fora de sua finalidade, para "bisbilhotar" servidores.


“Há gravidade dos fatos, sobretudo por ter havido desvio de finalidade. Não é essa a razão da existência dos órgãos de inteligência”, disse. "Foi feito mais para 'fofocaiada' do que para um relatório de inteligência."


Edson Fachin

O ministro Edson Fachin também acompanhou a relatora, afirmando que esse tipo de coleta de informações sobre escolhas pessoais e políticas de cidadãos só se cogita “em governos autoritários”.


"A administração pública não tem, nem pode ter, o pretenso direito de listar inimigos do regime", afirmou.


Fachin vota em julgamento sobre dossiê — Foto: Reprodução/TV Justiça
Fachin vota em julgamento sobre dossiê — Foto: Reprodução/TV Justiça


Fachin defendeu que “a imprensa exerce especial papel de proteção do regime democrático e essa função social deve ser prestigiada e levada a sério” e que “o risco revelado pela possibilidade de construção de dossiês investigativos, travestidos de relatório de inteligência, contra inúmeros servidores públicos e cidadãos pertencentes a movimento de protesto, deve gerar preocupações quanto à limitação constitucional do serviço de inteligência."


Luís Roberto Barroso

O ministro Luís Roberto Barroso argumentou que a atividade de inteligência é importante, mas que esse tipo de monitoramento para saber o que fazem eventuais adversários é completamente incompatível com a democracia, a menos que se tivesse qualquer elemento para supor que eles tramavam contra o estado e contra as instituições democráticas.


“Mas se a preocupação fosse efetivamente essa, talvez fosse o caso de monitorar os grupos fascistas, e não os grupos antifascistas”, completou.


Rosa Weber

A ministra Rosa Weber disse o que não vê “interesse legítimo” no uso do aparato da inteligência no “que só pode ser descrito na pior das hipóteses como bisbilhotice”. “Há desvio de finalidade sempre que o ato é praticado contra o interesse público.”


Segundo a ministra, “o silêncio das entrelinhas é mais eloquente do que das palavras lançadas”, referindo-se a nota técnica em que o Ministério da Justiça não nega ou confirma a existência do dossiê.


"O poder arbitrário sem o freio das leis, exercido no interesse do governante e contra os interesses do governado, o medo como princípio da ação, traduz as marcas registradas da tirania", fundamentou.


Ministra Rosa Weber, do STF, que também votou favorável a impedir ministério de produzir dossiês contra antifascistas — Foto: Reprodução/TV Justiça
Ministra Rosa Weber, do STF, que também votou favorável a impedir ministério de produzir dossiês contra antifascistas — Foto: Reprodução/TV Justiça


Luiz Fux

O ministro Luiz Fux deu o voto que levou à formação da maioria pela suspensão da produção de informações de cidadãos pelo Ministério da Justiça.


Fux defendeu que “todo estado soberano reclama a existência de um serviço de inteligência”, mas que ninguém pode ser bisbilhotado por suas opiniões.


“O STF tem dado exemplos extremamente significativos de que liberdade de expressão é algo que combina com a democracia. Uma investigação enviesada, que escolhe pessoas para investigar, revela uma inegável finalidade intimidadora do próprio ato de investigação”, criticou.


Fux também afirmou que “o que se contém nesse documento são fatos impassíveis de serem categorizados como fatos de relatório de inteligência”.


“Deveria se denominar relatório de desinteligência”, disse. “Estamos no estado democrático de direito, é proibido proibir manifestações democráticas”, completou.


Ricardo Lewandowski

O ministro Ricardo Lewandowski defendeu não ser cabível, em um estado democrático de direito, que “se elabore dossiês contra cidadãos nos quais constem informações sobre preferencias políticas e ideológicas”.


Gilmar Mendes

Em seguida, o ministro Gilmar Mendes argumentou que “a atuação estatal indevida tem efeito pernicioso sobre a sociedade como um todo, porque gera desestímulo a ideias, desestímulos ao debate de ideais e de ideias contrárias àquelas defendidas pelo governante”.


O ministro disse que há “plausibilidade jurídica” da ação quando afirma que os servidores críticos ao governo estavam sendo monitorados.


“O Ministério da Justiça não apresentou qualquer justificativa plausível para a produção de relatórios sobre os integrantes do movimento antifascista.”


Entenda o caso

Na ação, a Rede pede ao STF a "imediata suspensão da produção e disseminação de conhecimentos e informações de inteligência estatal produzidos sobre integrantes do ‘movimento antifascismo’ e professores universitários".


A ação também pede a abertura de inquérito pela Polícia Federal "para apurar eventual prática de crime por parte do ministro da Justiça e Segurança Pública e de seus subordinados", além da remessa dos conteúdos já produzidos ao STF para análise, com a manutenção provisória do sigilo.


Na semana passada, a ministra Cármen Lúcia pediu informações ao Ministério da Justiça, que não confirmou nem negou a existência do dossiê. Em documento encaminhado ao STF, no qual não incluiu o relatório, o MJ afirmou que não coleta informações com intuito investigativo e que isso difere de atividade de inteligência.


Cármen Lúcia afirmou que, se a "gravidade do quadro descrito se comprovar, "escancara comportamento incompatível com os mais basilares princípios democráticos do Estado de Direito e que põem em risco a rigorosa e intransponível observância dos preceitos fundamentais da Constituição da República".


Em voto proferido no julgamento sobre fornecimento de dados à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Cármen Lúcia já ressaltou que “arapongagem” (investigação clandestina) é crime e, quando praticada pelo Estado, “é ilícito gravíssimo”.


A existência do relatório foi revelada pelo portal UOL. Segundo a reportagem, "o Ministério da Justiça colocou em prática, em junho, uma ação sigilosa sobre um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do ‘movimento antifascismo’ e três professores universitários”.


Ainda conforme a reportagem, a pasta “produziu um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas”. O relatório foi feito pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), ligada ao ministério.


Após a revelação da existência do documento, ministro da Justiça, André Mendonça, determinou a abertura de uma sindicância para apurar as circunstâncias da elaboração do relatório. Ele também substituiu o então diretor do órgão, Gilson Liborio.


A abertura da sindicância foi citada pela ministra em seu voto. “Se não há dossiê, do que estamos falando em matéria administrativa, que levou até a afastamento de servidor?”, argumentou a ministra, em referência ao afastamento.


No último dia 11, o suposto dossiê foi entregue à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional. O presidente da comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), disse que assinou um termo de confidencialidade e que entregaria o relatório aos demais membros da comissão.


Na segunda, o ministério anunciou a entrega do material ao STF e à Procuradoria-Geral da República. Na terça, a ministra Cármen Lúcia determinou o envio do material as demais ministros da Corte.


Fonte: G1

PGR decide apurar supostos pagamentos da JBS ao advogado Frederick Wassef

A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu instaurar nesta quinta-feira (20) um procedimento de apuração sobre supostos pagamentos feitos pela empresa JBS ao advogado Frederick Wassef. A PGR quer saber se esses pagamentos tiveram efeito no acordo de colaboração premiada firmado pela procuradoria com os executivos da empresa.


PGR instaura procedimento para apurar supostos repasses da JBS ...


De acordo com nota divulgada pela PGR, serão solicitadas informações ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que teria identificado os pagamentos por meio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).


"Eventual irregularidade poderá reforçar os indícios de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da companhia", diz o texto da nota.


O caso foi divulgado pela revista "Crusoé". Wassef teria recebido R$ 9 milhões da JBS e tentado atuar junto à Procuradoria.


Segundo a revista, o presidente Jair Bolsonaro teria pedido diretamente a Augusto Aras para receber Wassef, a fim de tratar do acordo de colaboração da JBS.


Na nota, a PGR afirmou que Aras não recebeu nenhuma solicitação de Bolsonaro e "não participou de nenhum dos contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo de colaboração premiada da JBS com envolvimento do advogado Frederick Wassef".


Frederick Wassef se apresentava como advogado do presidente Jair Bolsonaro e costumava frequentar o Palácio do Planalto. Ele também trabalhou na defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente, no caso das chamadas "rachadinhas" (confisco de parcela dos salários de assessores do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio). Fabricio Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual e suposto responsável pelo esquema das "rachadinhas", foi preso pela Polícia Federal em uma casa de Wassef, em Atibaia (SP).


Ao Supremo, Aras defendeu a rescisão dos acordos de colaboração dos executivos da JBS, firmados em 2017, e se posicionou contra uma renegociação.


Íntegra da nota

Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República:


A Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou notícia de fato para apurar informações veiculadas nesta quinta-feira (20) a respeito de supostos pagamentos feitos pela JBS ao advogado Frederick Wassef, entre 2015 e 2020, e seus impactos na Petição 7.003, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). No procedimento, serão solicitadas informações ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que, conforme a imprensa, identificou as transações por meio de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Eventual irregularidade poderá reforçar os indícios de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da companhia.


Os acordos de colaboração foram firmados com a PGR em 2017 e sua rescisão aguarda decisão do Supremo. O procurador-geral da República, Augusto Aras, já se manifestou em documentos enviados ao Supremo pela rescisão dos acordos – e neste momento reitera posição contrária a uma eventual renegociação com os colaboradores. A análise do tema no Ministério Público Federal (MPF) tem cabido aos membros designados pelo PGR: os subprocuradores-gerais da República José Adonis Callou de Araújo Sá, José Bonifácio Borges de Andrada e, mais recentemente, Lindôra Maria Araújo.


Augusto Aras não participou de nenhum dos contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo de colaboração premiada da JBS com envolvimento do advogado Frederick Wassef. Todas as solicitações de audiência para tratar de assuntos jurídicos que chegam ao gabinete do PGR são direcionadas para os procuradores que atuam na respectiva matéria. O PGR dedica-se às áreas constitucional e cível perante o STF.


O procurador-geral da República afirma que não recebeu solicitação de nenhuma natureza por parte do presidente da República, e desconhece supostos telefonemas do presidente para qualquer membro do MPF.


Fonte: G1

Maia diz que é 'muito importante' manter veto de Bolsonaro a reajuste para servidores

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (20) que é "muito importante" a Casa manter o veto do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste para servidores.


Maia diz que é 'muito importante' manter veto de Bolsonaro a ...


Bolsonaro vetou o reajuste ao sancionar a lei de ajuda a estados e municípios em razão da pandemia do novo coronavírus. Mas, nesta quarta (19), os senadores votaram pela derrubada do veto. A votação pelos deputados está prevista para a tarde desta quinta.


Se o veto for mantido pela Câmara, a concessão de reajustes a qualquer categoria do serviço público fica proibida até o fim do ano que vem. Se for derrubado, o reajuste não é automático, fica a critério das autoridades competentes.


"Nós entendemos que esse veto... É muito importante a sua manutenção, para que a gente possa dar uma sinalização clara que nós queremos, claro, atender a estados, atender a municípios, atender à sociedade, mas tudo dentro do equilíbrio fiscal", afirmou Maia.


Rodrigo Maia afirmou ainda que é importante dar uma "sinalização clara" da "responsabilidade" com o país.


"Neste momento de crise, precisamos dar um sinalização clara. Então, a reunião de hoje com os líderes do governo e dos partidos, é da nossa responsabilidade com o país. Tem partidos da base, independentes, mas todos, desde o governo Temer, têm votado junto, esse caminho do equilíbrio fiscal. Começamos pela PEC do teto de gastos, [reforma da] Previdência. Se hoje temos taxa de juros baixa, devemos isso ao Congresso", acrescentou Maia.


Veto não é 'contra o servidor'

Conforme o presidente da Câmara, o objetivo do projeto era ajudar estados e municípios, e a eventual manutenção do veto "de forma nenhuma vai contra o servidor".


"Estamos trabalhando para que a gente consiga na tarde de hoje manter o veto. Não tem nada contra o servidor", acrescentou Rodrigo Maia.


"Não dá para que o setor público não dê a sua contribuição", declarou o deputado. "Não podemos entender que o sofrimento do setor privado não tenha que ter o mínimo de sacrifício do setor público", completou.


Para o presidente da Câmara, é "importante" destacar que, segundo ele, "prefeitos e governadores em todas as regiões do país" têm pedido a manutenção do veto. "Todos sabem a importância que a manutenção desse veto tem", acrescentou.


Mais cedo, também nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro disse que será "impossível" governar se o veto for derrubado.


"Ontem, o Senado derrubou um veto que vai dar um prejuízo de R$ 120 bilhões para o Brasil. Então, eu não posso governar o país. Se esse [a derrubada] veto for mantido na Câmara, é impossível governar o Brasil. É impossível", disse Bolsonaro.


Natuza: ‘Senado deu um recado horrível para o Brasil’


Análise de vetos

Vetos presidenciais são analisados em sessão conjunta do Congresso Nacional, que reúne deputados e senadores. Em razão da pandemia, para evitar aglomerações, as sessões são realizadas separadamente. Primeiro vota uma Casa e depois, a outra.


Os vetos começam a ser analisados pela Casa onde o projeto vetado começou a ser votado. Portanto, se um projeto começou a tramitação no Senado, por exemplo, cabe aos senadores começar a análise do veto.


Se a Casa que iniciou a análise decidir manter a decisão do presidente, o tema sequer passa pela análise da outra Casa. Mas, se a decisão da primeira Casa for pela derrubada do veto, a outra Casa deverá confirmar a derrubada ou manter a decisão do presidente.


No caso do reajuste para servidores, por exemplo, o Senado decidiu derrubar o veto. Agora, cabe à Câmara confirmar a derrubada ou manter o veto.


Entenda o caso

O impedimento dos reajustes foi uma contrapartida do governo para aprovar o pacote de socorro de R$ 60 bilhões a estados e municípios, cujos cofres foram abalados pela pandemia.


Ao aprovar o pacote, o Congresso autorizou que governos locais reajustassem salários de funcionários da saúde e da segurança pública que trabalham na "linha de frente" do enfrentamento à Covid-19.


Ao sancionar a lei, Bolsonaro vetou a permissão para reajuste por considerar que a verba enviada não poderia ser desviada para isso. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um defensor do veto e criticou a decisão do Senado.


"Pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país", declarou.


"É um desastre, é preocupante porque o Senado é a casa da República. É onde os representantes têm que defender a República. É um péssimo sinal", acrescentou.


Para Rodrigo Maia, no entanto, "não nos ajuda" o ministro da Economia "atacar o Senado".


"Não nos ajuda o ministro da Economia atacar o Senado Federal. Isso, inclusive, atrapalha e pode contaminar o nosso processo de votação. Nosso respeito ao Senado Federal, à sua independência, à democracia e à liberdade do voto de cada um dos senadores", afirmou Maia.


Líder do governo diz estar confiante

O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), disse estar confiante de que o governo conseguirá os votos necessários para a manutenção do veto.


"A gente confia que isso será votado na tarde de hoje [quinta], de maneira muito aberta, muito transparente, e a gente confia que o presidente Bolsonaro terá o seu veto mantido pelo espírito público de todo o Parlamento, mas também pelo apoio da base do governo", disse.


Ele observou que até há pouco havia uma polêmica na opinião pública sobre a intenção do governo de destinar R$ 5 bilhões do Orçamento do ano que vem para obras e alertou que, agora, com a derrubada do veto, pode haver um impacto de R$ 130 bilhões nas contas públicas.


"A população brasileira, nas últimas semanas, teve na memória uma discussão sobre ter ou não ter R$ 5 bilhões para obras ou investimentos por conta do pacto feito em toda a República para que a gente mantenha as despesas no teto e, de repente, se surpreende com uma despesa que pode chegar a R$ 130 bilhões", afirmou Gomes.


Em seguida, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, disse que está "muito empenhado" em conseguir os votos necessários para a manutenção do veto.


Fonte: G1

Bolsonaro diz que é 'impossível' governar se Câmara derrubar veto a reajuste para servidores

 O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (20) que será "impossível" governar se a Câmara dos Deputados acompanhar o Senado e, assim, o Congresso Nacional decidir derrubar o veto que impede reajuste de servidores públicos.


Bolsonaro diz que é 'impossível' governar se Câmara derrubar veto ...


Bolsonaro deu a declaração ao conversar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Nesta quarta (19), o Senado decidiu, por 42 votos a 30, derrubar o veto do presidente que impede reajustes.


O veto ainda tem de ser analisado pela Câmara dos Deputados, e a votação foi adiada para esta quinta-feira porque a base aliada do governo foi surpreendida com a derrubada pelos senadores.


Se o veto for mantido pela Câmara, a concessão de reajustes a qualquer categoria do serviço público fica proibida até o fim do ano que vem. Se for derrubado, o reajuste não é automático, fica a critério das autoridades competentes.


"Ontem, o Senado derrubou um veto que vai dar um prejuízo de R$ 120 bilhões para o Brasil. Então, eu não posso governar o país. Se esse [a derrubada] veto for mantido na Câmara, é impossível governar o Brasil. É impossível", disse Bolsonaro.

O trecho também libera a possibilidade de reajustes para algumas categorias de outras áreas, como profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários, de assistência social e de educação pública, desde que estejam diretamente envolvidos no combate à pandemia. Essas categorias tinham sido incluídas quando o texto passou pela Câmara, mas foram vetadas por Bolsonaro.


Vetos presidenciais são analisados em sessão conjunta do Congresso Nacional, que reúne deputados e senadores. Em razão da pandemia, para evitar aglomerações, as sessões são realizadas separadamente. Primeiro vota uma Casa e depois, a outra.


Os vetos começam a ser analisados pela Casa onde o projeto vetado começou a ser votado. Portanto, se um projeto começou a tramitação no Senado, por exemplo, cabe aos senadores começar a análise do veto. Se a Casa que iniciou a análise decidir manter a decisão do presidente, o tema sequer passa pela análise da outra Casa. Mas, se a decisão da primeira Casa for pela derrubada do veto, a outra Casa deverá confirmar a derrubada ou manter a decisão do presidente.


No caso do reajuste para servidores, por exemplo, o Senado decidiu derrubar o veto. Agora, cabe à Câmara confirmar a derrubada ou manter o veto.


'Não é uma boa decisão'

Para o vice-presidente Hamilton Mourão, "não é uma boa decisão" a do Senado, e é possível o governo manter o veto na votação da Câmara.


"Vamos aguardar a Câmara, né. Não é uma boa decisão essa do Senado", afirmou Mourão à imprensa ao chegar ao gabinete da Vice-presidência.


"Tem condições [de manter o veto na Câmara], tem condições sim. Tem que conversar. Nossos parlamentares têm que compreender a verdadeira situação fiscal que o governo está atravessando. Você quer dar aumento para os funcionários públicos, é um grupo que ganha acima da média em relação ao resto do país, tudo bem. Aí vamos tirar recurso de onde? Vai tirar da saúde, vai tirar da educação etc e etc", acrescentou.


Entenda o caso

O impedimento dos reajustes foi uma contrapartida do governo para aprovar o pacote de socorro de R$ 60 bilhões a estados e municípios, cujos cofres foram abalados pela pandemia.


Ao aprovar o pacote, o Congresso autorizou que governos locais reajustassem salários de funcionários da saúde e da segurança pública que trabalham na "linha de frente" do enfrentamento à Covid-19.


Ao sancionar a lei, Bolsonaro vetou a permissão para reajuste por considerar que a verba enviada não poderia ser desviada para isso. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um defensor do veto e criticou a decisão do Senado.


"Pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país", declarou.

"É um desastre, é preocupante porque o Senado é a casa da República. É onde os representantes têm que defender a República. É um péssimo sinal", acrescentou.


O dispositivo vetado, e que pode ser restaurado agora, também diz que fica proibido o uso dos recursos transferidos pela União na lei de socorro aos estados “para concessão de aumento de remuneração de pessoal”.


Fonte: G1

Surpreso com derrubada de veto, Planalto culpa ausência de Alcolumbre e governadores

Surpreso com derrubada de veto, Planalto culpa ausência de ...

Surpreso com a derrubada pelo Senado do veto a reajuste de servidores, o Palácio do Planalto demonstrou irritação com dois movimentos: a ausência do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP) na votação e com governadores "lavando as mãos" em uma matéria que afeta diretamente os cofres estaduais.


Nas palavras de um auxiliar direto do presidente Jair Bolsonaro, Alcolumbre não quer entrar em "bola dividida" e por isso ficou fora da votação desta quarta-feira (19) e não tem se empenhado em pautas mais polêmicas.


Para auxiliares de Bolsonaro, o Alcolumbre está focado em viabilizar sua reeleição para presidência do Senado e é apontado como um dos responsáveis pela derrota do governo nesta quarta.


Além disso, o Planalto esperava um empenho maior de governadores de vários partidos alinhados com o ajuste fiscal. Até porque, se o veto presidencial não for mantido e os reajustes forem liberados, a pressão maior das corporações passa ser sobre os governos estaduais.


Um articulador do governo no Congresso demonstrou surpresa com o fato de que, até o encaminhamento da votação pelos líderes, não havia uma clara movimentação pela derrubada do veto.


"Foi uma movimentação silenciosa. A surpresa aconteceu quando os líderes começaram a encaminhar na votação virtual. Sem a 'temperatura' da sessão presencial, do 'burburinho', a articulação não foi percebida", disse ao blog um dos articuladores do governo.

Nesta quinta-feira (20), a percepção do Planalto é a de que Alcolumbre "diminuiu de tamanho" ao deixar passar uma votação de forte impacto fiscal e que, na mesma esteira, crescerá o protagonismo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).


Derrubado pelo Senado, o veto ainda precisa ser analisado pelos deputados. A votação está prevista para a tarde desta quinta.


Na manhã desta quinta, Maia fez várias reuniões sinalizando estar otimista com a reversão do placar na Câmara e afirmou em coletiva no início da tarde que manter o impedimento aos reajustes é importante.


"Entendemos que esse veto, é muito importante a sua manutenção, para que a gente possa dar uma sinalização clara, atendendo estados e municípios, mas tudo dentro do equilíbrio fiscal", disse Maia.


Fonte: G1

Flávio Bolsonaro não irá participar de acareação com Paulo Marinho, diz defesa

A defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) informou que o senador não vai comparecer à acareação entre ele e o empresário Paulo Marinho, marcada para o dia 21 de setembro.


Flávio Bolsonaro — Foto: Jornal Nacional
Flávio Bolsonaro — Foto: Jornal Nacional


A notícia foi publicada pelo jornal O Globo.


O Ministério Público Federal marcou essa acareação para que o empresário e o senador falassem sobre a suspeita de vazamento de informações da Operação Furna da Onça.


A ação teve como objetivo investigar a participação de deputados estaduais do Rio em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos do Governo do Estado do Rio de Janeiro.


Paulo Marinho contou ter ouvido do próprio Flávio que um delegado da polícia federal antecipou que haveria a operação.


O senador nega ter dito isso.


Foi na Operação Furna da Onça que apareceu o relatório da movimentação financeira suspeita do ex-assessor Fabrício Queiroz - que, depois, deu origem à investigação da “rachadinha” no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro.


Por ser parlamentar, Flávio Bolsonaro tem direito a escolher uma data para a acareação.


E não é obrigado a participar por não ser alvo da investigação.


'Rachadinha'

O senador Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público estadual do Rio de Janeiro por ser suspeito de chefiar uma organização criminosa montada para desviar recursos públicos do próprio gabinete, quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele nega as acusações.


A estimativa é que cerca de R$ 2,3 milhões tenham sido movimentados em um esquema de "rachadinha", no qual funcionários do então deputado devolviam parte do salário que recebiam na Alerj. O dinheiro, segundo a investigação, era lavado com aplicação em uma loja de chocolates no Rio da qual o senador é sócio e em imóveis.


Fonte: G1

SUS fez 80,9 mil procedimentos após abortos malsucedidos e 1.024 interrupções de gravidez previstas em lei no 1º semestre de 2020

No primeiro semestre de 2020, o número de mulheres atendidas em todo o país pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em razão de abortos malsucedidos – tenham sido provocados ou espontâneos – foi 79 vezes maior que o de interrupções de gravidez previstas pela lei, de acordo com levantamento feito pelo G1 com dados do DataSUS.


Aborto inseguro: ilustração mostra mulher no chão  — Foto: Wagner Magalhães/G1
Aborto inseguro: ilustração mostra mulher no chão — Foto: Wagner Magalhães/G1


De janeiro a junho, o SUS fez 1.024 abortos legais em todo o Brasil. No mesmo período, foram 80.948 curetagens e aspirações, processos necessários para limpeza do útero após um aborto incompleto. Esses dois procedimentos são mais frequentes quando a interrupção da gravidez é provocada, ou seja: a necessidade é menor no caso de abortos espontâneos.


Para especialistas em saúde da mulher ouvidos pelo G1, essa discrepância indica que as mulheres não têm acesso adequado ao aborto previsto na legislação e que o próprio sistema hospitalar arca com os custos de procedimentos pós-abortos clandestinos.

A lei 12.845, de 2013, regulamentou o atendimento obrigatório e integral a pessoas em situação de violência sexual e concedeu todos os meios à gestante para interrupção da gravidez em decorrência de estupro. Não é necessário que a mulher apresente boletim de ocorrência, nem que faça exame de corpo de delito.


Mas muitos hospitais exigem documentos que comprovem a necessidade de se fazer um aborto após um estupro, por exemplo. Ou se negam a fazer o aborto legal.


Foi o caso da menina de 10 anos que engravidou após ter sido estuprada pelo tio no Espírito Santo. No sábado (15), a equipe médica do Programa de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (Pavivi), em Vitória, no Espírito Santo, se recusou a fazer o aborto legal (veja vídeo ao final da reportagem). Diante disso, ela foi levada para Pernambuco, onde fez a interrupção.


Maternidade em Pernambuco onde menina de 10 anos fez aborto legal — Foto: GloboNews/Reprodução
Maternidade em Pernambuco onde menina de 10 anos fez aborto legal — Foto: GloboNews/Reprodução


O obstetra Jefferson Drezett, que implementou e coordenou por 24 anos o serviço de aborto legal do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, avalia que a discrepância entre procedimentos como curetagem e aspiração e abortos legais mostra que o número de interrupções legais é menor do que deveria ser.


"Pros níveis de violência que a gente tem hoje no Brasil, que são muito, muito perversos com as mulheres, nós deveríamos ter um número muito maior de abortos legais. Essa proporção maior de curetagens e aspirações do que de abortos legais é esperada, mas o tamanho dela não é justificável. Não é possível que a gente tenha, depois de 80 anos de lei, um percentual tão pequeno de abortos legais em um país que é tão violento contra as mulheres", avalia.

Segundo Drezett, ainda que exista um número razoável de mulheres que, ao engravidarem de um estupro, optam por manter a gestação, a maioria delas busca interromper a gravidez, mas não consegue acesso a esse direito.


"A gente calcula que aproximadamente 6% das mulheres que sofrem violência sexual em idade reprodutiva e não usam método contraceptivo vão engravidar em decorrência do estupro. Então o número de gestações decorrentes de estupro é muito maior do que esses 1 mil abortos legais ocorridos no 1º semestre. O que quer dizer que as mulheres simplesmente não estão conseguindo encontrar uma resposta adequada do estado", explica Drezett.


Aborto legal em 3 situações

No Brasil, o aborto legal é permitido apenas em três situações:


gravidez decorrente de um estupro;

risco à vida da gestante;

e anencefalia do feto.

De acordo com a pesquisa Serviço de Aborto Legal no Brasil, que analisou o período de 2013 a 2015, mais de 90% dos abortos legais no país ocorrem em gestação resultante de estupro, seguido por anencefalia do feto (5%). Apenas 1% dos casos teve como justificativa o risco de vida para a gestante.


Para a médica ginecologista e obstetra Ana Teresa Derraik, diretora médica do Nosso Instituto, organização que atua na área de saúde sexual e reprodutiva da mulher, os procedimentos cirúrgicos seriam evitados se os abortos legais fossem realizados.


"Hoje, há muita evidência de que o aborto medicamentoso é a forma mais segura e mais eficaz de induzir um aborto. Se as mulheres tivessem acesso de forma mais indiscriminada, com certeza o grau de hospitalização para que qualquer procedimento fosse executado seria muito menor", diz.

"Além disso, muitas mulheres que teriam direito a aborto legal não sabem que esse direito existe. As gestações nas meninas de menos de 14 anos são sempre decorrentes de estupro. Essas meninas teriam todas direito ao aborto legal."


Os números de procedimentos médicos realizados em 2020 são menores que no ano anterior, possivelmente por conta da pandemia de Covid-19. Mas a proporção entre abortos legais e procedimentos pós-aborto se mantém semelhante à de anos anteriores (veja no gráfico abaixo).


Procedimentos médicos pós-aborto e abortos legais feitos pelo SUS, de janeiro a junho, por ano — Foto: Aparecido Gomes/Arte G1
Procedimentos médicos pós-aborto e abortos legais feitos pelo SUS, de janeiro a junho, por ano — Foto: Aparecido Gomes/Arte G1


O SUS não tem dados de quantas mulheres foram atendidas em decorrência de abortos clandestinos. Mas elas fazem parte do grupo que teve de se submeter a alguma das 80.948 intervenções realizadas no 1º semestre em decorrência de aborto espontâneo, clandestino ou por complicações pós-parto.


Esses processos cirúrgicos dividiram-se da seguinte forma:


74.362 curetagens;

6.586 procedimentos de aspiração manual intrauterina (AMIU).

“A maioria dos abortos que precisam de um procedimento desse tipo são abortos induzidos, porque no aborto espontâneo é muito mais comum que ocorra a expulsão completa do produto da gravidez do que no aborto provocado", explica a médica sanitarista Tânia Lago, professora do departamento de Medicina Social da Santa Casa de São Paulo. "Não é possível dizer qual percentual dessas 80 mil mulheres atendidas pelo SUS fizeram um aborto induzido, mas com certeza é a maioria.”

Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto, de 2016, quase metade das mulheres brasileiras que fez aborto clandestino precisou ser internada para finalizar o aborto: 48% das entrevistadas foram internadas no último aborto relatado.


Custos para o SUS

Em 2020, o sistema de saúde brasileiro já gastou 30 vezes mais com procedimentos pós-abortos incompletos (R$ 14,29 milhões) do que com abortos legais (R$ 454 mil ).

Estes valores consideram apenas o custo de cada procedimento na tabela do SUS – não levam em consideração gastos com medicação e diárias de internação, por exemplo.


O valor repassado pelo sistema para um aborto legal é de R$ 443,40, mesmo de um parto normal, sem gravidez de risco. Já uma curetagem pós-aborto ou parto custa R$ 179,62 para o SUS, e a aspiração manual intrauterina (AMIU), R$ 142,84.


Riscos do aborto clandestino

Para Tânia Lago, que estuda saúde reprodutiva e leciona na Santa Casa de SP, a proporção consideravelmente maior de procedimentos pós-aborto com relação aos abortos legais mostra que as mulheres não têm acesso adequado ao aborto previsto na legislação.


“Essa proporção mostra que o acesso ao aborto legal ainda é muito pequeno no Brasil. Acima de tudo, esse número indica que, embora o aborto seja legal em caso de estupro e esteja garantido no código penal desde 1940, as mulheres não conseguem fazer. E o pior: é possível que mulheres jovens e adultas, quando engravidam de estupro, acabem fazendo um aborto solitário em casa, que depois vai acabar no hospital, nesse dado de curetagens e aspirações”, avalia a médica.

Drezett concorda que a dificuldade para acessar o serviço de aborto legal pode levar mulheres que têm direito à interrupção de gestação para a clandestinidade.


"Essa menina do Espírito Santo, ela conseguiu de alguma maneira ir pra outro estado. Mas uma mulher de 21 anos, vítima de um estupro, ela teria que dar um jeito para conseguir esse atendimento? Aquelas que têm algum recurso pessoal conseguem fazer a interrupção de gestação legal, elas vão para outra cidade, elas se deslocam. Isso eu te falo por anos e anos à frente do serviço de aborto legal do Hospital Pérola Byington: a gente tinha um percentual enorme de mulheres que vinham de outros estados. Mas e as que não conseguem? Essas mulheres podem terminar num aborto clandestino e nem aparecerem nas estatísticas", afrima Drezett.


A sanitarista Tânia Lago explica que curetagens e aspirações são processos cirúrgicos necessários quando a expulsão do produto da gestação não é completa.


“Essa necessidade de curetagem não é uma complicação ainda. Se a mulher fez um aborto clandestino e essa expulsão do produto da gestação não foi completa, ela vai continuar tendo cólica e muito sangramento. Então, o que ocorre é que ela procura o hospital e se faz um dos dois: ou curetagem ou aspiração, para terminar o aborto, mas não é uma complicação."


Ela destaca ainda que a complicação de aborto clandestino mais comum ocorre justamente quando a mulher não procura os serviços de saúde.


“O que é uma complicação de aborto? É quando a mulher teve uma expulsão incompleta e ficou com medo de ir no hospital, continuou em casa sentindo dor e sangramento, e aquele material no útero se infecta, e aí ela tem uma infecção. E é essa infecção que pode ser grave, que é uma complicação de um aborto induzido”, explica.

Derraik, do Nosso Instituto, reforça que com o advento da medicação que consegue fazer um abortamento mais completo, o número de complicações diminuiu dos anos 2000 para cá. Mas alerta que não são incomum casos de abortos feitos com uso de objetos, por exemplo.


"A gente já recebeu pessoas que injetaram soda cáustica no útero, eventualmente o talo de mamona, arame de cabide, enfim, a gente ainda vê na emergência casos desses. A complicação mais comum são os abortos incompletos, ela tenta fazer de forma clandestina, mas não consegue eliminar todo o conteúdo uterino. Então, ela chega no hospital com um quadro de sangramento, eventualmente já com um quadro infeccioso", diz.


'Essa mulher não pode esperar muito tempo porque há um risco muito grave de sequelas, de perda do útero e até de morte", descreve Derraik.

Mortalidade

O aborto inseguro e ilegal, realizado sem atenção médica, registra taxas altas de mortalidade em diversas regiões do mundo.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) não tem dados por país, mas estima que a taxa de mortalidade por procedimentos de abortamento inseguro seja de 30 mortes a cada 100 mil abortos na América Latina e Caribe. A região tem uma das taxas mais altas do mundo, junto com África Subsaariana e Ásia.

O aborto foi a causa de 11,4% das mortes maternas na única investigação realizada no Brasil, em 2002, nas capitais dos estados e no Distrito Federal.


Embora nem todo aborto induzido não previsto por lei seja inseguro, já que pode ser realizado com métodos adequados e por profissionais qualificados, diversas pesquisas destacam que a ilegalidade e a clandestinidade aumentam os riscos à saúde associados ao procedimento.


Um estudo brasileiro de 2012 que analisou a mortalidade materna no país decorrente do aborto verificou que ocorrem infecções em 42,9% dos abortos inseguros, contra apenas 3,3% dos abortos seguros. A pesquisa foi publicada no "International Journal of Gynecology & Obstetrics", periódico médico mensal que abrange obstetrícia e ginecologia.


Acesso ao aborto legal

Como mostrou reportagem do G1, o acesso ao serviço de aborto legal na cidade de São Paulo – a primeira do país a ter um programa voltado para o atendimento dos casos previstos em lei – ainda é dificultado pelo desconhecimento da legislação, das normas técnicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde e do preconceito em relação a tal direito.


"Procura outro hospital ou, se quiser, liga em 15 dias."


Essa orientação foi dada pelo telefone por uma profissional do atendimento à violência sexual e ao aborto legal do Hospital Tide Setúbal, na Zona Leste, um dos cinco centros médicos municipais indicados pela Prefeitura de São Paulo para prestar o serviço e acolhimento às mulheres na cidade.


A reportagem do G1 testou na época o atendimento inicial e telefônico dos hospitais municipais referendados para aborto legal. Dos cinco indicados pela prefeitura, apenas um – o Hospital Mario Degni, no Jardim Sarah – repassou corretamente as informações.


Para Jefferson Drezett, do Pérola Byington, as secretarias de saúde não podem alegar incapacidade para realizar a interrupção de gestação prevista em lei porque a legislação que a permite existe há oito décadas.


"Há oitenta anos, desde 1940, a lei brasileira prevê aborto legal em casos de estupro. O serviço de saúde no Brasil teve 80 anos para solucionar essa questão, para dar uma solução e uma resposta para as mulheres. Se não pelo respeito aos direitos humanos, ainda que o estado brasileiro seja misógino, ele deveria ter resolvido isso há 80 anos pela força da lei. Mas ele vai continuar não resolvendo, porque absolutamente nada tem acontecido. O caso dessa menina do Espírito Santo não é excepcional, a gente vê cotidianamente mulheres que têm o acesso ao seu direito negado", avalia.

Drezett lembra que, apesar das normas do Ministério da Saúde, ainda há estados do país que não possuem nenhum serviço de aborto legal.


"Existem estados brasileiros que não têm nenhum serviço de aborto legal no estado inteiro, e existem outros que dizem que têm, mas acontece o que aconteceu no Espírito Santo, o atendimento não chega. Não é justo que uma cidadã tenha que ser mandada para outro estado ou outra cidade porque um lugar cumpre a lei e o outro, não", avalia. "As secretarias de saúde tiveram 80 anos para se preparar. A normativa do Ministério da Saúde sobre aborto, que é muito reconhecida no Brasil e lá fora, é de 1999: são mais de 20 anos. Não é possível que mais de 20 anos depois um gestor de hospital alegue que desconhece a norma", afirma o médico.


* Colaborou Lívia Machado


Fonte: G1