O isolamento social durante a pandemia do Covid-19 fez com que diversos segmentos da sociedade tivessem que parar ou sofressem modificações. Um deles foi o da educação. Atualmente, as escolas públicas e privadas do Rio Grande do Norte têm como desafio retomar as aulas presenciais a partir de 17 de agosto. A data, porém, pode passar por mudanças de acordo a evolução epidemiológica, segundo o secretário de Educação do Estado, Getúlio Marques.
Colégio Contemporâneo, na Zona Sul de Natal, passou por uma readequação dos espaços físicos para atender as orientações sanitárias
Em Natal, os colégios particulares Contemporâneo e Porto estão atualmente se preparando para esta volta à sala de aula. As instituições privadas devem seguir as orientações sanitárias da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), além do decreto oficial do Governo do Estado (ainda a ser publicado), que detalhará o que será exigido para essa volta.
Desde o início da pandemia, as duas escolas privadas seguiram o calendário escolar de forma remota, possibilitando que os alunos assistam aulas em suas casas. Já para a volta as aulas de forma presencial, as duas instituições terão o retorno de forma híbrida: uma parte dos alunos de forma presencial e outra parte, em casa, existindo um revezamento ao longo dos dias.
Alguns dos protocolos que serão seguidos pelas duas instituições são: uso de máscara, higienização das mãos, aferição da temperatura, distribuição de álcool em gel e distanciamento de 1,5m.
Segundo a diretora pedagógica do Colégio Porto, Ana Cristina, é um momento para estar atento com os procedimentos e fiscalização das medidas. “Os nossos adolescentes são muito calorosos, gostam de estar juntos, e nós queremos conscientizá-los que, neste momento, ficar distante um dos outros é um ato de amor”, disse. “Passamos por um momento único na história da nossa geração. Estar pronto para isso não implica dizer, apenas, estar pronto do ponto de vista cognitivo e com medidas sanitárias. Implica dizer muito mais: estar pronto para um retorno de acolhimento, para um retorno de entendimento desse aluno e dessa nova realidade.”
Após a confirmação da data oficial e compreensão de como será de fato este retorno, o Colégio Porto pretende realizar um manual que será encaminhado para as famílias dos alunos. “Precisamos muito do apoio delas durante esse período. Esse material vai informar aos pais como será o retorno às aulas, quais as medidas sanitárias que serão adotadas, quais serão os procedimentos. Será um manual de como a família deve se portar diante desse momento, tanto pedagogicamente, quanto também em relação às medidas de educação sanitária que serão implementadas”, explica Ana Cristina.
Já segundo a diretora do Complexo Educacional Contemporâneo, Irany Xavier de Andrade, além da readequação dos espaços físicos será preciso conquistar a confiança da família e dos próprios estudantes, para que possam retornar com segurança antes da descoberta de uma vacina contra o novo coronavírus. “É um trabalho que demanda um esforço integrado. Há o investimento em estudo e planejamento que assegurem a segurança sanitária no ambiente escolar, mas que deve vir acompanhado de um reforço ao acolhimento e ainda um novo entendimento sobre a parte pedagógica”, explica.
Irany ressalta que todas as instituições de ensino precisam lembrar-se também dos alunos que, por diversas razões, mesmo que queiram, não poderão retornar às aulas presenciais, que é o caso dos que estão no grupo de risco ou moram com parentes que fazem parte dele. “A volta exige segurança e adaptações, mas principalmente empatia”, resume Irany.
Perdas durante a pandemia
Segundo assessoria do Contemporâneo, a escola não teve perdas. Por ser a primeira escola a migrar para o digital um dia após o início da pandemia, isso acabou ajudando bastante, especialmente por utilizarem o Google for Education. Essa plataforma educacional colaborativa possibilitou às escolas, professores e alunos o uso da tecnologia em sala de aula.
Já segundo o diretor financeiro do Colégio Porto, Eduardo Bezerra, houve um aumento significativo da inadimplência, decorrente da situação enfrentada pelas famílias. “O Colégio Porto não se furtou a abraçar as famílias que precisaram de um apoio financeiro, e não deixou nenhum aluno para trás. Diante disso, não tivemos perda de alunos por conta da pandemia, somente saíram os que precisaram mudar de cidade”, disse ele. O diretor financeiro ainda afirma terem recebido novas matrículas durante este período.
Já em relação aos custos do planejamento anual do Porto, houve um incremento de custo por conta da capacitação necessária para a adaptação das aulas online, além da infraestrutura e serviços para viabilizar as aulas.
Já para a volta às aulas, também se acrescentam custos por conta dos investimentos para seguir os protocolos de saúde para as aulas presenciais. Eduardo acredita que estas perdas poderão ser recuperadas em 2021.
Rede estadual
As escolas estaduais suspenderam as aulas a partir do dia 18 de março. Segundo o secretário de Educação do RN, Getúlio Marques, esta ação retirou cerca de um milhão de estudantes das ruas, como forma de reforçar o isolamento social.
Em maio, a SEEC-RN publicou a Portaria 184, onde foram dispostas normas para a reorganização do planejamento curricular de 2020, com a finalidade de orientar os Planos de Atividades e incluir atividades não presenciais durante a pandemia. As escolas que não conseguissem acompanhar as atividades não presenciais aguardavam novas orientações para a reposição dos dias letivos.
Atualmente, o secretário afirma que os planos para a retomada na rede estadual estão sendo discutidos pelo Comitê de Gestão de Educação Estadual e serão entregues nesta semana. Mas alguns dos protocolos que estão sendo discutidos para a retomada são: construção de pias em portas de banheiros de escolas, compra de materiais para uso de álcool em gel, distribuição de máscaras para a comunidade escolar (coordenação, porteiros, alunos, professores, etc).
Outro item importante que está sendo discutido é uma forma de possibilitarem o revezamento dos alunos, tanto dentro das salas de aula quanto em horários como o do intervalo. Sobre as aulas, o Comitê pensa em um revezamento semanal, onde uma parte dos alunos assiste aula presencial e outros, de forma “não presencial”, acessando conteúdo online ou com impresso, analisando como o aprendizado pode chegar nas casas dos alunos. Na outra semana, realiza-se a troca. “Essa realidade pode ser readequada de acordo com as condições de cada escola”, afirmou o secretário. Já sobre os intervalos, eles pretendem realizá-los em horários diferentes para cada turma, para evitar aglomerações.
DF e 11 estados já têm previsão para aulas presenciais
Relatório da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), que monitora o cenário das unidades privadas de ensino, aponta que em 11 Estados e no Distrito Federal há previsão para retomar as atividades presenciais. Nos outros 14 Estados, as aulas continuam suspensas e sem data para voltar.
O Distrito Federal deve ser a próxima unidade federativa a reabrir escolas, com retorno das aulas proposto para o próximo dia 27, segundo o relatório da Fenep. Já os governos do Maranhão e do Tocantins preveem retomar as atividades a partir de 3 de agosto. Neste mês, os Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte também pretendem voltar com aulas presenciais.
No Rio, a cidade de Angra dos Reis projeta o retorno das escolas em 17 de agosto. Em Alagoas, as aulas devem voltar na segunda quinzena de agosto ou na primeira quinzena de setembro, de acordo com o governo local. Já no Pará, a cidade de Marabá planeja a volta para o dia 3, enquanto a capital Belém só fala em reabertura em setembro.
Além do Estado de São Paulo, a depender do avanço local da pandemia, há expectativa de retorno ainda em setembro no Acre e no Piauí.
Fonte: G1