Cerca de 300 mil protestam nesta terça-feira (3) em Barcelona contra violência policial para impedir o referendo sobre a independência da Catalunha, segundo a France Presse. Uma greve foi convocada por grupos pró-independência em protesto contra a repressão que deixou mais de 800 feridos, no domingo (1º).
Segundo cálculos da Guarda Urbana de Barcelona, cerca de 300 mil pessoas se mobilizam em diferentes protestos organizados por toda a cidade, com gritos de "fora as forças de ocupação" em referência aos agentes da Guarda Civil e a Polícia Nacional destacados pelo governo central para impedir o referendo.
Manifestante exibe bandeira separatista da Catalunha durante manifestação desta terça-feira (3) em Barcelona (Foto: AP Photo/Francisco Seco)
Centenas de policiais interviram no domingo em centros de votação, utilizando cassetetes para dispersar os militantes concentrados na frente desses espaços para protegê-los e conseguir realizar a votação.
A Espanha vive uma de suas piores crises políticas dos últimos 40 anos, desde que o executivo separatista catalão decidiu organizar este referendo de autodeterminação apesar de sua proibição. Os dirigentes garantem que venceram o referendo com 90% dos votos - 2,02 milhões de apoios sobre um censo de 5,3 milhões de eleitores - e agora querem declarar a independência de maneira unilateral.
Manifestantes bloqueiam a avenida Gra Via em dia de greve geral e manifestações em Barcelona (Foto: REUTERS/Vincent West)
A paralisação desta terça, inicialmente anunciada como uma greve geral em toda a região, mas rejeitada pelos maiores sindicatos do país, afetou o setor e o transporte público e serviços básicos na Catalunha. De acordo com informações da agência EFE, pelo menos 24 manifestações fecharam o tráfego em várias ruas da região.
Estação de metrô na Praça Catalunha durante greve parcial convocada por partidos pró-independência da Catalunha (Foto: Susana Vera/Reuters)
Estações de metrô normalmente movimentadas em Barcelona ficaram desertas, à medida que os serviços foram reduzidos drasticamente. Piquetes bloquearam o trânsito na Gran Via, e a movimentação em seis grandes avenidas da região foi interrompida por protestos. O porto de Barcelona, terceiro da Espanha, e o principal mercado atacadista de alimentos da cidade estavam quase paralisados.
Em outros lugares, a resposta à convocação de greve foi irregular, com algumas lojas, supermercados e cafés abertos e outros estabelecimentos fechados. O mercado La Boqueria, em Barcelona, estava quase vazio.
Bombeiros durante greve convocada pelos partidos pró-independência da Catalunha (Foto: Yves Herman/Reuters)
Perto da praça da Universidade, onde fica a universidade mais antiga da cidade, ocupada há semanas por estudantes, se podia ler em um cartaz "Fechado por revolução".
"Não queremos ser um país ocupado", gritavam os jovens em catalão. "Adeus Espanha", diziam outros, fazendo gesto com o dedo médio das mãos para um helicóptero da Polícia Nacional.
Investigação
No domingo, a polícia da Espanha tentou fechar à força postos de voto, após a proibição da realização do referendo sobre a independência da região. Houve confronto. Na votação, 90% dos eleitores afirmaram o desejo de que a Catalunha se torne independente da Espanha.
Na segunda-feira (2), o líder da região, Carles Puigdemont afirmou que a Catalunha vai criar uma comissão especial para investigar as alegações de abuso pela polícia espanhola.
As cenas de violência causadas por táticas violentas por parte das forças de segurança receberam condenação internacional e também despertaram a atenção da Organização das Nações Unidas.
Principal autoridade de direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein pediu que autoridades da Espanha investiguem total e imparcialmente a violência ligada ao referendo e que realizem conversas para resolver a questão da separação.
O alto comissário da ONU para direitos humanos também afirmou que as respostas da polícia precisam ser "proporcionais e necessárias, em todos os momentos".
"Eu acredito firmemente que a atual situação precisa ser resolvida através do diálogo político, com total respeito pelas liberdades democráticas", disse Zeid em comunicado.
Fonte: G1