O resultado do PIB, que em 2016 recuou 3,6%, mostra, segundo economistas, que a economia chegou enfim ao fundo do poço e experimentou o período mais agudo
de sua crise. O caminho daqui para frente deve ser de recuperação, de acordo analistas ouvidos pela Folha.
Pela primeira vez desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em 1996, todos os principais indicadores do PIB tiveram recuo. Houve queda no investimento (10,2%), na agropecuária (6,6%), no consumo das famílias (4,2%) e na indústria (3,8%).
A economia brasileira encolheu 0,9% no último trimestre do ano, contrariando previsões de analistas, que projetavam queda de 0,5%. A surpresa não foi suficiente, porém, para alterar as estimativas deste ano.
Há consenso no mercado de que a retomada deve começar até o segundo semestre, com o PIB fechando o ano com alta entre 0,5% e 1%.
A dúvida que resta ainda, contudo, é quanto à velocidade com que essa retomada poderá ocorrer.
Em 2016, o país viveu o impeachment da presidente Dilma Rousseff aliado à deterioração do mercado de trabalho. Teve ainda inflação alta resistente a despeito da queda da demanda e problemas com a safra agrícola por razões climáticas.
Em 2017, dizem os economistas, o país parece mais previsível: a inflação tem desacelerado, os juros estão caindo, a agricultura voltou aos trilhos e o governo de Michel Temer parece que conseguirá passar no parlamento as reformas prometidas.
A injeção de recursos na economia com a possibilidade de saque das contas inativas do FGTS e novas concessões de serviços públicos são fatores que alimentam expectativas.
Por outro lado, a instabilidade política e a operação Lava Jato colocam freios em previsões mais otimistas. Há ainda alguma dúvida sobre o desemprego e a retomada de investimentos no curto prazo.
"De uma forma geral, achamos que o pior já passou. Temos a inflação caindo, a política monetária mais flexível, câmbio sem grandes oscilações. Apesar disso, ainda temos dúvida sobre qual será a velocidade dessa recuperação", disse o economista do Itaú Unibanco Rodrigo Miyamoto, que prevê alta de 1% do PIB.
Segundo Aloísio Campelo, superintendente de estatísticas públicas da FGV, o processo de recuperação neste ano será "lento, mas com mais consistência".
Em relatório, a consultoria LCA afirma que "vários vetores passam a exercer influência favorável sobre o PIB neste ano", citando, principalmente, a redução dos juros básicos da economia.
JUROS
A queda na Selic dará impulso a projetos com retornos que antes pareciam inviáveis frente aos juros altos, afirma o economista Everton Carneiro, da RC Consultores.
A agricultura e a indústria são os setores com maiores possibilidade de retomada no curto prazo, segundo economistas. Esses segmentos poderão puxar investimentos em máquinas e equipamentos, os chamados bens de capital.
A indústria tem reduzido os estoques e chegará o momento em que será necessário investimento em pessoal ou produção, afirmam. Em dezembro passado, a produção industrial teve alta de 2,3% em relação a novembro, o que seria, segundo o Miyamoto, do Itaú, indicador de retomada.
Rafael Bacciotti, analista da consultoria Tendências, aposta na melhora da agropecuária, na esteira da melhora climática. Ele projeta expansão de 3% no PIB do setor agropecuário em 2017.
Fonte: Folha de São Paulo
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